segunda-feira, 14 de novembro de 2016

memórias literárias - 376 - ESCREVA POUCO

ESCREVA
POUCO

376
"Wagner, não escreva textos longos; ninguém lê. Escreva pouco, poucas idéias, algo bem simples; serão muitos os leitores".
Um escritor que tenha mensagem não se pauta pela quantidade de letras, de linhas, de espaço; não se guia pelo que fará mais sucesso ou o que receberá melhor acolhida. Isso fará se estiver escravizado por alguma editora que lhe exija compromisso com nichos, com temas e com tamanhos. Um escritor independente, que não vive da literatura, não.
Há textos curtos e pequenos, que se expressam com poucas palavras. Outros, porém, são extensos, informativos, históricos, analíticos. Reduzi-los seria torná-los aleijados e incompletos. Cada texto tem o seu tamanho, a sua idéia e o seu público.
Há textos fictícios, baseados em fatos reais. Há outros que são ficção pura, objetivando ensinamentos morais e espirituais. Há textos cômicos e há textos trágicos. Eu confesso que alguns dos textos que escrevi provocam-me lágrimas até hoje. Alguns são práticos; outros, teóricos. Uns são otimistas, cheios de atitudes altruistas. Outros são realistas, denunciadores, grandes lamentos diante de um mundo sem Cristo.
Já fui procurado por uns para permitir a filmagem e a apresentação de algum texto como filme ou peça. Nunca disse "não". Já fui procurado por outros para ceder direitos de uso. Nunca vi dificuldade. Já perdi a paternidade virtual de textos (eles são publicados sem a devida autoria). Já fui questionado sobre a vida de personagens que inventei, se estão bem e onde encontrá-los.
Textos são vivos, são reais. Eu dou à luz constantemente ao que escrevo. Às vezes levanto-me pela madrugada atônito, carente de um teclado e de um computador, pois um texto está sendo parido naquele instante. Enquanto não escrevê-lo não consigo sossegar. Outros, mais complexos, ficam na estufa, aguardando o devido amadurecimento para a sua publicação.
Em alguns eu profetizei, mesmo não sendo um profeta nos ideais do velho testamento. Em outros eu desejei e vi o desejo tornar-se realidade. Houve textos que me trouxeram dificuldades, pois a perseguição tornou-se acirrada; outros, contudo, foram considerados elogiosos, e também recebi manifestações.
Estou na beira dos 400 textos. Com a ajuda de minha esposa e de meu irmão publiquei um livro, PÁGINAS SOLTAS, ainda não divulgado oficialmente, pois não quero confundir este período de construção da igreja com promoção de algo pessoal. Foram quase duas dezenas de textos, selecionados por minha esposa, que compõem uma coletânea em papel, editada pelo meu amigo Pr. Jonas Sommer, com a produção inteiramente sob meus cuidados.
Desejo publicar outros. Há sermões pregados, redigidos e esboçados que podem ser úteis aos pregadores, tanto quanto são úteis os livros deste gênero para o meu ministério. Almejo outro volume de ficções, pois há outras seis dezenas escritas e publicadas que certamente poderão ser úteis para alguém que com elas se identifique. Enfim, há textos de todas as espécies. Até poesias me arrisquei a escrever!
Eu escrevo porque decidi que não esperaria a perfeição chegar. Ela só virá na eternidade. Sou limitado e cheio de imperfeições; contudo, no temor do Senhor e na responsabilidade da vocação resolvi utilizar o que recebi para glorificar Àquele que me capacitou. Se alguma virtude houve, o nome dEle é  que deve ser glorificado. Se defeitos surgiram (e como surgem!), são de minha responsabilidade e por eles me escuso.
Escreva pouco! Pouco? Não. Escreverei o suficiente. Enquanto o Senhor me permitir pensar. E sei que há leitores que lêem não pelo tamanho dos textos, mas pelo conteúdo que lhes interessa.
Se leu este artigo até aqui, é porque houve interesse. E eu lhe agradeço a deferência.
Escrevi pouco ou muito?
Wagner Antonio de Araújo

14/11/2016

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