O
PARQUE
DOS
INOCENTES
380
Maria viu-se no parquinho
infantil. Não entendeu como chegara ali, mas estava feliz. Quantas crianças!
Elas brincavam de escorregar, de balançar, de gangorra, de trepar nas barras de
ferro, de chutar bola, de boneca, de fazer castelinhos de areia, de correr.
Algumas, mais grandinhas, cantavam e outras liam livros com
gravuras.
"Meu Deus, que lindas
estas crianças!", pensou.
- Vocês são lindos! Nunca
vi crianças tão belas!
- Obrigado,
tia!
Caminhou pelos brinquedos.
As crianças, ao verem-na, correram para junto dela. Vieram celebrando: "Ehh!"
Ela encantou-se. Abraçaram-na pelas pernas, pegaram a sua mão e deram-lhe
sorrisos que faziam o sol brilhar mais feliz! Que sensação
maravilhosa!
Uma linda loirinha dos
cabelos bem penteados; um moreninho dos olhos claros e dentes bem formados; uma
japonesinha do cabeço redondo, uma gracinha. Tinha meninos cheios de sardas,
ruivos e outros negros, fortes, bonitos, alegres. Estavam todos ali, juntos de
Maria.
- Como você se chama,
menino?
- Eu não sei,
tia!
Maria estranhou, mas pensou
que era um descuido.
- Garotinha, quantos anos
você tem?
- Eu tenho três dias,
tia!
- Como? Três dias? Eu
perguntei a sua idade!
- Três
dias!
Então as crianças
disputaram a atenção de Maria, falando as suas idades também:
- E eu um
mês!
- Eu vinte
dias!
- Eu um dia e
meio!
Confusa com aquelas
palavras, Maria chamou o monitor do parquinho.
- Monitor, por que estas
crianças dizem coisas tão estranhas?
- Como assim,
senhora?
- Perguntei o nome de
alguns e eles não souberam responder. E, ao perguntar a idade deles, ao invés de
dizerem a idade que têm, falam de idades impossíveis! Falam em três dias, trinta
dias, três meses, cinco meses! São crianças doentes?
- Não, senhora. Não são
doentes. São crianças mortas...
Maria congelou-se e
estacou. O monitor continuou:
- Estas crianças não
nasceram. Elas foram abortadas. Elas não sabem como se chamam. Algumas nem
receberam nome. A idade que lhe informam é a data em que foram expulsas do útero
através do aborto. Umas com três dias; outras com um mês; algumas com quatro,
cinco ou sete meses...
- As mães que fizeram isso
acharam boas justificativas para si próprias: os bebês seriam fruto de estupro;
outras disseram que eram jovens demais para serem mães; outras que tal
nascimento prejudicaria uma futura carreira; outras buscaram esconder da família
a gravidez indesejada; e ainda outras justificaram-se, dizendo que eram seus
corpos e que faziam as suas próprias regras... Não é uma pena que estas crianças
nunca tenham nascido, Dna. Maria?
Maria então
gritou:
- Sim, é uma pena! Meu
Deus, quanta crueldade! Isto não é justo! Meu Deus, estas crianças não podem
ter morrido! Senhor, elas nada fizeram para merecer isso! Elas não foram ouvidas
e nem se fez caso delas!
Então o monitor lhe
falou:
- Mas, Dona Maria, a
senhora não irá abortar amanhã? A senhora não decidiu mandar para cá o filho que
traz no seu ventre?...
Então Maria acordou do
sonho com um grito. Sim, ela estava sonhando. Era uma jovem de vinte e três
anos, solteira, que namorou um rapaz sem comportar-se nem com moral cristã e nem
com os cuidados necessários. O namorado deixou-a grávida de dois meses. Decidira
por fim à gravidez. Marcara o aborto para o dia seguinte. Não suportaria olhar
para o bebê e ver o quanto errara; por isso iria matá-lo.
Suada, chorando e
desesperada, dobra os joelhos e ora:
- Meu Deus, perdoe-me!
Pequei contra Ti! Fiz o que não era reto diante de Tua presença! Eu conhecia a
Palavra e sabia que não poderia relacionar-me sexualmente com o meu namorado. Eu
não ouvi os meus pais, não ouvi o pastor da igreja e nem a voz da consciência.
Eu me relacionei com a pessoa errada. Fui agredida, mas eu poderia ter evitado.
E não evitei. Ah, Senhor, eu marquei o aborto para amanhã e iria matar esta
criança, este meu filho....
- Eu não o ouvia, Senhor!
Fui iludida pelos professores e amigas que diziam que o corpo era meu e que as
regras eram minhas. Eu não supus que o bebê fosse outro corpo e outra vida. Eu
iria matá-lo, Senhor! Ele iria para o parque dos inocentes e eu seria a culpada.
E ele gritou no meu sonho...
Maria chorava desesperada.
Sua mãe entrou. Viu-a neste estado. Ouviu a sua história. Chorou também, pois
não sabia de nada. E disse:
- Filha, você contrariou
tudo o que eu e seu pai sempre lhe ensinamos. Você desonrou a nossa família, a
nossa fé e a si própria. Mas Cristo morreu pelo seu pecado. Você está
confessando isto agora. Arrependa-se e peça perdão. Não acrescente um
assassinato ao histórico de sua vida. Eu vou lhe ajudar e iremos criar este
bebê. Se Deus permitiu a sua concepção, devemos ouvi-lo. Ele não pediu para ser
gerado. Não o privemos da vida que ele ganhou. Vamos dedicá-lo ao Senhor! Ele
não deve morrer!
Mãe e filha terminaram a
madrugada de joelhos. E o bebê nasceu após sete meses. Já faz muito tempo, quase
trinta anos. Hoje este rapaz cuida da mãe e da avó. Casou-se e graduou-se,
exercendo cargo de confiança na área de comércio exterior. E já tem um filhinho.
Deus usou um sonho para despertar na mãe a voz de seu filho que queria
viver.
O Parque dos Inocentes não
é lugar para nenhum bebê em gestação. Se estão gerados, deixemo-los viver.
Afinal, a vida é um dom de Deus. E não somos donos dos bebês; somos mordomos do
Senhor para deles cuidar, amá-los e ensiná-los a serem pessoas de valor. Não há
motivo grande o bastante para levá-los à morte e não lhes dar o direito de
nascer. Enquanto algumas mães não ouvem a voz de seus inocentes a quem matam,
outras mães lutam com seus bebês enfermos ou prematuros pelos hospitais infantis
do mundo. Perguntemos a cada uma se estão arrependidas de terem dado à luz e
ouvirão um sonoro e gigantesco NÃO. Quanto mais difícil a situação, maior o amor
que se cultiva e maior a vontade de doar-se pela criança que
sofre.
Se alguém que me lê já
abortou, saiba: seu filho ou filha é uma das crianças daquele parque imaginário.
O sangue deles clama a Deus. Há culpa sobre você, mãe que abortou. Mas ainda há
uma esperança: Cristo. Ele morreu pelos seus pecados. Arrependimento genuíno e
fé exclusiva em Jesus lhe dará a graça de ter os seus pecados transportados para
a cruz do Calvário. E, pela fé, terá o pagamento dos mesmos pelo sangue de
Jesus. Uma alma arrependida e convertida a Cristo pode tranquilizar-se: Cristo
pagou pelo mal e Deus lhe perdoou para sempre. Porém, NUNCA MAIS peque contra o
Senhor. Ele não terá você por inocente.
Levando ele mesmo em seu
corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados,
pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. (1Pe
2:24)
E jamais me lembrarei de
seus pecados e de suas iniqüidades. (Hb 10:17)
Cheguemo-nos com
verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da
má consciência, e o corpo lavado com água limpa, (Hb
10:22)
Não matarás. (Ex
20:13)
Obs: estória fictícia, mas
baseada em inúmeros casos reais, infelizmente.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
28/11/2016
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