QUE
MUNDO
POBRE
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Assistia há
pouco as grandes canções do sertão brasileiro. Nossos poetas cantavam a história
dos boiadeiros, das famílias que migravam em busca de oportunidades. Poesias
brilhantes e perpétuas que falavam das sementinhas, das paineiras velhas, do
mourão do ipê, da porteira velha. Ah, como éramos ricos. Hoje? Cama, motel,
traição, baladas, vergonha, palavrões, vida imunda! O sertão
empobreceu.
Tínhamos
oradores nas tribunas políticas, grandes discursos e mensagens épicas que
marcaram gerações. "Eu tenho um sonho", dizia um. "Não vamos nos dispersar",
dizia outro. Nos tribunais advogados e promotores faziam autênticos compêndios
teóricos e práticos, ora defendendo ora acusando. Havia gente que se sentava na
platéia só para ter o gosto de aprender a falar em público. Hoje? Só ouvimos
palavras chulas, palavrões, grosserias, argumentações tão insignificantes que
não duram cinco minutos. Discursos que corróem como câncer. A tribuna
empobreceu.
Nos púlpitos
tínhamos verdadeiros ícones da palavra. Ouvir um Rubens Lopes e um Éber
Vasconcelos em nada devia para o melhor duscurso e oratória próprias dos
tribunais ou das tribunas políticas, em termos de qualidade e de elegância.
Apenas que o objeto de sua prédica era infinitamente superior ao daqueles.
Pregavam como que numa batalha campal entre a luz e as trevas, entre o exército
da luz e o poder da escuridão. E com a argumentação, a inteligência, a voz, a
elegância e eloquência, permeadas e penetradas pelo poder do Espírito Santo,
eram vencedores! Um Billy Graham no Maracanã, com o ilustre intérprete João
Filson Soren pôde ver dez mil que se renderam a Cristo. E destes, a maioria foi
fiel e muitos ainda vivem! Josué Numes de Lima, Tiago Lima, Artur Gonçalves,
Timofei Diacov, Roque Monteiro de Andrade, eram vozes necessárias e
inesquecíveis! Hoje? Olhem os vídeos, as lives e o farto material publicado. O
púlpito empobreceu.
Nos lares os
valores cristãos eram levados a sério. A honestidade não era apenas ensinada;
era vivida. A grosseria não tinha vez e a educação era rígida. Modos à mesa,
gentileza para pedir licença, agradecer, informar, tudo tinha um propósito e os
pais mostravam o caminho. A oração era um momento de reverência e respeito, de
encontro com Deus e de sacralidade doméstica. Filhos não falavam palavrões junto
dos pais e a mentira não era tolerada. Hoje? Bem, não é nem preciso dizer. Veja
as manchetes da mídia. Não há mais respeito algum e os lares tornaram-se
dormitórios onde se tem internet rápida, comida, roupa lavada e pousada. Cada um
cuida de sua vida. O lar cristão empobreceu.
Meus filhos
são desta geração. Eu não sou. Não há mais porteiras ou paineiras velhas a
inspirar canções. Não há mais políticos ou discursadores que marquem época, nem
pregadores épicos que escrevam uma história da oratória sacra. Não há muitos
lares que mereçam o título "lar cristão". Mas os meus filhos precisam de
referências. Eles não possuem o cabedal de informações e experiências que eu
possuo para discernir o quanto o mundo empobreceu. Então eu concluo que minha
esposa e eu seremos o referencial deles.
Se nós
falharmos eles falharão. Se nós nos omitirmos seremos cúmplices no estrago que
este mundo pobre fará a eles. Não criamos os filhos para nós, mas somos
responsáveis em dá-los à vida com referências que levem para o resto da vida.
Eles serão gente adulta, pais, mães, trabalhadores, crentes, chefes e mães de
família, crentes e brasileiros cidadãos. Terão profissão, terão paixões, terão
uma história de vida. Assim como eu me lembro de mamãe quando penso em alguém
que serviu por amor e que estava sempre feliz, e do meu pai quando penso em
honestidade e honradez, quero que os meus filhos se lembrem de nós pelos valores
que desejamos incutir em suas mentes aptas ao ensino.
Educa a
criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará
dele. (Pv 22:6)
Portanto,
vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, (Ef
5:15)
Mas eu
vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no
dia do juízo. (Mt 12:36)
Wagner
Antonio de Araújo.
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