A
CENA
SE
REPETE
892
Minha filha
Rute Cristina, à semelhança de toda criança e adolescente de hoje, deseja usar o
celular/telemóvel o tempo todo. Esses joguinhos infantis, esses desenhos e
musiquinhas, o seu prazer é ter esse aparelhinho na mão. Se não houver controle
criaremos um monstro zumbi, que não fará mais nada senão olhar para o ecrã do
aparelho. Então eu disse que deixaria na quinta-feira próxima que usasse o meu
celular. Até aquele dia ela estaria privada do celular. Se me desobedecesse
seria disciplinada.
No Jardim do
Éden Deus criou o homem, dando-lhe a bênção de usufruir de tudo, exceto de uma
árvore específica, a da ciência do bem e do mal. Ele disse que as consequências
seriam desastrosas e que não fizesse isso. Se o fizesse morreria. Seria a
disciplina.
Enquanto eu
estava a trabalhar em meu computador o meu filho Josué Elias entra e diz que
Rute estava com o celular da mamãe. Eu pensei: "jamais. Ela me ouviu a dizer-lhe
que não fizesse isso." Para aliviar a curiosidade eu fui até a sala procurá-la.
Não a vi, mas escutei o som de um joguinho do celular. Então gritei: "Rute, onde
você está?" Ela disse: "Eu tive medo, papai, eu estou escondida". Falei-lhe: "O
que você está fazendo de errado? Você está a usar o celular que lhe proibí?"
Ela, então, me responde: "Foi o Josué quem me entregou!"
Voltando ao
Jardim do Éden, encontramos Eva perambulando por perto da árvore proibida e
ouvindo com prazer os argumentos da serpente de Satanás. Ela comeu do fruto da
árvore, levou também ao marido e este também comeu. Cônscios do erro,
sentiram-se nus por dentro e por fora. Temendo serem descobertos buscaram abrigo
e cobertas de folhas. Deus desceu ao jardim e chamou a Adão. "Onde estás?" Este
respondeu: "Tive medo e me escondi". Deus lhe pergunta: "Quem te mostrou que
estavas nu? Comeste do que te proibí?" A resposta foi esta: "A mulher que me
deste me deu da fruta e eu comi".
Eu conduzi a
Rute ao meu quarto, chorando. Ela estava desconsolada. Eu lhe mostrei que o que
fizera fora errado. Além disso, acusar o irmão como o responsável de um ato seu
era mais grave ainda. Ela estava triste e desconfortável. Então eu lhe contei a
história de Adão e Eva e falei da semelhança que havia entre o que ela fizera e
o que o primeiro casal também fizera.
"Mas, papai,
o que posso fazer para consertar isso?"
"Você deve se
arrepender de ter me desapontado tanto, de ter me desobedecido, e deve me pedir
perdão e comprometer-se a não me desobedecer mais."
"Posso fazer
isso sem olhar para o senhor?"
"Não pode
não. Por que não quer olhar para mim?"
"Porque sinto
vergonha."
"Você deveria
ter sentido vergonha de me desapontar, de ter desobedecido ao papai. Agora terá
que arcar com a consequência e, arrependida, pedir-me perdão, comprometendo-se a
não fazer mais isso".
Ela chorou,
sentiu-se desonfortável, mas, por fim, com os olhinhos vermelhos pediu-me
perdão e disse que jamais queria passar por isso novamente; por isso não iria me
desobedecer de novo.
A história se
repete. Os filhos e as filhas de Adão comportam-se como ele comportou-se. A
desobediência está em nosso DNA humano. O homem é pecador. E Jesus não necessitava de que alguém testificasse do homem,
porque ele bem sabia o que havia no homem (Jo 2:25). Deus expulsou a Adão do Éden, mas fez a promessa de salvação num
futuro que chegaria. Jesus Cristo é o cumprimento desta promessa. Minha filha
teria acesso a esse perdão em Jesus Cristo também. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas
em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos
pecados. (1Jo 4:10)
Para combater o pecado
humano há somente um remédio: Jesus Cristo. Ele é o sacrifício que torna o homem
aceito diante de Deus. Para termos acesso a isso são necessárias duas atitudes:
ARREPENDIMENTO e FÉ. Por arrependimento se entende o reconhecimento do erro e o
sólido desejo de não fazer mais o mal que se fazia. E por fé entende-se a
confiança que temos em Sua promessa, de que seríamos por Ele aceitos e que
teríamos forças para suportar a vontade de errar novamente. Ele nos daria graça
e poder. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel
e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I João
1.9)
Minha filha Rute aprendeu
uma grande lição. E eu também fortaleci isto em meu coração: que assim como eu
me desapontei com o seu erro Deus se desaponta com os nossos pecados. Mas assim
como a perdoei e a acolhi (ela dormiu em meu colo e a mãe a levou para a cama!),
assim eu não quero desapontar mais a Deus e quero adormecer em Seu
colo.
Que Deus nos
ajude.
Wagner Antonio de
Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário