segunda-feira, 15 de junho de 2020

memórias literárias - 892 - A CENA SE REPETE

A CENA
SE
REPETE
892
 
Minha filha Rute Cristina, à semelhança de toda criança e adolescente de hoje, deseja usar o celular/telemóvel o tempo todo. Esses joguinhos infantis, esses desenhos e musiquinhas, o seu prazer é ter esse aparelhinho na mão. Se não houver controle criaremos um monstro zumbi, que não fará mais nada senão olhar para o ecrã do aparelho. Então eu disse que deixaria na quinta-feira próxima que usasse o meu celular. Até aquele dia ela estaria privada do celular. Se me desobedecesse seria disciplinada.
 
No Jardim do Éden Deus criou o homem, dando-lhe a bênção de usufruir de tudo, exceto  de uma árvore específica, a da ciência do bem e do mal. Ele disse que as consequências seriam desastrosas e que não fizesse isso. Se o fizesse morreria. Seria a disciplina.
 
Enquanto eu estava a trabalhar em meu computador o meu filho Josué Elias entra e diz que Rute estava com o celular da mamãe. Eu pensei: "jamais. Ela me ouviu a dizer-lhe que não fizesse isso." Para aliviar a curiosidade eu fui até a sala procurá-la. Não a vi, mas escutei o som de um joguinho do celular. Então gritei: "Rute, onde você está?" Ela disse: "Eu tive medo, papai, eu estou escondida". Falei-lhe: "O que você está fazendo de errado? Você está a usar o celular que lhe proibí?" Ela, então, me responde: "Foi o Josué quem me entregou!"
 
Voltando ao Jardim do Éden, encontramos Eva perambulando por perto da árvore proibida e ouvindo com prazer os argumentos da serpente de Satanás. Ela comeu do fruto da árvore, levou também ao marido e este também comeu. Cônscios do erro, sentiram-se nus por dentro e por fora. Temendo serem descobertos buscaram abrigo e cobertas de folhas. Deus desceu ao jardim e chamou a Adão. "Onde estás?" Este respondeu: "Tive medo e me escondi". Deus lhe pergunta: "Quem te mostrou que estavas nu? Comeste do que te proibí?" A resposta foi esta: "A mulher que me deste me deu da fruta e eu comi".
 
Eu conduzi a Rute ao meu quarto, chorando. Ela estava desconsolada. Eu lhe mostrei que o que fizera fora errado. Além disso, acusar o irmão como o responsável de um ato seu era mais grave ainda. Ela estava triste e desconfortável. Então eu lhe contei a história de Adão e Eva e falei da semelhança que havia entre o que ela fizera e o que o primeiro casal também fizera.
 
"Mas, papai, o que posso fazer para consertar isso?"
 
"Você deve se arrepender de ter me desapontado tanto, de ter me desobedecido, e deve me pedir perdão e comprometer-se a não me desobedecer mais."
 
"Posso fazer isso sem olhar para o senhor?"
 
"Não pode não. Por que não quer olhar para mim?"
 
"Porque sinto vergonha."
 
"Você deveria ter sentido vergonha de me desapontar, de ter desobedecido ao papai. Agora terá que arcar com a consequência e, arrependida, pedir-me perdão, comprometendo-se a não fazer mais isso".
 
Ela chorou, sentiu-se desonfortável,  mas, por fim, com os olhinhos vermelhos pediu-me perdão e disse que jamais queria passar por isso novamente; por isso não iria me desobedecer de novo.
 
A história se repete. Os filhos e as filhas de Adão comportam-se como ele comportou-se. A desobediência está em nosso DNA humano. O homem é pecador. E Jesus não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem (Jo 2:25). Deus expulsou a Adão do Éden, mas fez a promessa de salvação num futuro que chegaria. Jesus Cristo é o cumprimento desta promessa. Minha filha teria acesso a esse perdão em Jesus Cristo também. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. (1Jo 4:10)
 
Para combater o pecado humano há somente um remédio: Jesus Cristo. Ele é o sacrifício que torna o homem aceito diante de Deus. Para termos acesso a isso são necessárias duas atitudes: ARREPENDIMENTO e FÉ. Por arrependimento se entende o reconhecimento do erro e o sólido desejo de não fazer mais o mal que se fazia. E por fé entende-se a confiança que temos em Sua promessa, de que seríamos por Ele aceitos e que teríamos forças para suportar a vontade de errar novamente. Ele nos daria graça e poder. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I João 1.9)
 
Minha filha Rute aprendeu uma grande lição. E eu também fortaleci isto em meu coração: que assim como eu me desapontei com o seu erro Deus se desaponta com os nossos pecados. Mas assim como a perdoei e a acolhi (ela dormiu em meu colo e a mãe a levou para a cama!), assim eu não quero desapontar mais a Deus e quero adormecer em Seu colo.
 
Que Deus nos ajude.
 

Wagner Antonio de Araújo

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