terça-feira, 13 de janeiro de 2015

memórias literárias - 144 - A IMPORTÂNCIA DO SILÊNCIO

144 -
A IMPORTÂNCIA
DO SILÊNCIO
 
Silêncio é o que menos fazemos nas horas mais necessárias. Já afirmava a Palavra de Deus sobre o valor de se ficar quieto: "Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã." (Tg 1:26)
 
Nós falamos demais. Tudo tem o seu tempo determinado, mas há a hora de calar. "Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;" (Ec 3:7)
 
Existem horas em que temos que falar. Trata-se de uma necessidade, uma afirmação da verdade, uma atitude de ousada valentia no Senhor. "Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido." (At 4:20). Mas há tempo em que falar é a pior escolha. "Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio." (Pv 10:19)
 
Quando o silêncio é melhor do que o falar? Quando é mais importante nada dizer do que dizer algo?
 
1) Quando o que vamos falar não edifica a ninguém, só ao nosso próprio ego. Palavras que dizemos não porque amamos o outro, mas porque amamos a nós mesmos. Queremos falar do assunto que mais nos interessa: nós mesmos. Queremos dar a nossa opinião, não importando se magoaremos a quem escutar. Esse tipo de palavra é plenamente hostil e dispensável. "Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro," (2Pe 2:18)
 
2) Quando as palavras só servem de combustível para a desavença. Quanto mais falamos, mais ateamos fogo ao relacionamento, à situação, à vida da igreja, à estabilidade familiar. "Sem lenha, o fogo se apagará; e não havendo intrigante, cessará a contenda." (Pv 26:20). Há certas palavras que tornam a crise muito maior do que era, de maior duração do que deveria durar. Ficar quieto é melhor e fala mais alto.
 
3) Quando o que falamos não é verdade. Nós sabemos que estamos blefando, estamos enganando, simulando, inventando, aumentando, fantasiando. Queremos transformar algo em um fato maior, mais relevante, e construímos uma farsa. Este tipo de palavra não presta, não edifica, não vem de Deus e certamente um dia virá à tona, para vergonha de quem falou. "Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade." (1Jo 2:21)
 
4) Quando quem tem que ouvir não está pronto para entender. Muitas vezes o que temos a dizer não será compreendido, não trará edificação, não contribuirá para nada, só para confundir. De que adiantará? Apenas para satisfazer ao nosso ego, tirando de nossas mãos a suposta responsabilidade em ter dito aquilo; contudo, nosso interlocutor não entendeu nada, só se confundiu. É importante dizer as coisas certas no tempo certo e na circunstância certa, nem antes e nem depois. "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora." (Jo 16:12)
 
5) Quando as nossas palavras não terão qualquer valia. Quando não irá adiantar argumentar, explicar, ponderar, defender, quando o nosso direito não for prioridade numa questão ou numa relação. Assim foi que Jesus guardou silêncio diante dos seus algozes: ele sabia que ao Pai cabia por fim àquilo, porém, a Ele, tão-somente aguardar na vontade de Deus. "Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus." (Mt 26:63)
 
6) Quando as nossas palavras não estão temperadas com amor. Podemos ter toda a razão, mas se o nosso falar não estiver temperado com sal, com graça, com o desejo do bem, as nossas palavras serão lixo. Podemos dizer tudo o que é certo, mas da forma errada. Os ouvintes levarão em consideração a forma e não atentarão para o certo. Quantos de nós não ouviram os nossos pais ou patrões dizerem coisas certas, mas permeadas de grosserias, de ofensas, de violência? De que adiantou? Somente quebrou qualquer chance de comunicação. "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." (Pv 15:1)
 
7) Quando o nosso falar encobre o falar do Senhor. Sim, pelo muito falar do homem escondemos o falar de Deus. Às vezes a voz de Deus é simples e clara, mas nos enveredamos na exibição de conhecimentos e sabedoria, e encobrimos o Senhor. Assim um sermão, que poderia ser simples e claro, deixando Deus pela Bíblia nos falar, torna-se um pavão ostentador, cheio de barulho, prédica, prosa e turba a autêntica mensagem. Ao invés de mostrar o Senhor, mostramos o quanto somos bons faladores. "Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã." (1Co 1:17)
 
Para terminar: mamãe contava sobre o nosso avô, o pai dela. Muitas filhas e filhos, muita criança para educar, mas ali estava o pai Leandro, cônscio de sua responsabilidade. Quando dois de seus filhos se desentendiam ou quando algo iria azedar, Leandro apenas olhava para eles e tossia, encarando-os. A demanda logo cessava e a paz voltava a reinar. Nenhuma palavra, mas tudo a dizer! Que bom se também a nossa palavra tornar-se assim, tão preciosa, curta e relevante! "Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." (Pv 25:11)
 
Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg 1:19)
 
Wagner Antonio de Araújo

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