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A
IMPORTÂNCIA
DO
SILÊNCIO
Silêncio é o que menos fazemos nas
horas mais necessárias. Já afirmava a Palavra de Deus sobre o valor de se ficar
quieto: "Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não
refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã."
(Tg 1:26)
Nós falamos demais. Tudo tem o seu
tempo determinado, mas há a hora de calar. "Tempo de rasgar,
e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;" (Ec
3:7)
Existem horas em que temos que
falar. Trata-se de uma necessidade, uma afirmação da verdade, uma atitude de
ousada valentia no Senhor. "Porque não podemos deixar de
falar do que temos visto e ouvido." (At 4:20). Mas há tempo em que falar
é a pior escolha. "Na multidão de palavras não falta pecado,
mas o que modera os seus lábios é sábio." (Pv 10:19)
Quando o silêncio é melhor do que o
falar? Quando é mais importante nada dizer do que dizer algo?
1) Quando o que vamos
falar não edifica a ninguém, só ao nosso próprio ego. Palavras que
dizemos não porque amamos o outro, mas porque amamos a nós mesmos. Queremos
falar do assunto que mais nos interessa: nós mesmos. Queremos dar a nossa
opinião, não importando se magoaremos a quem escutar. Esse tipo de palavra é
plenamente hostil e dispensável. "Porque, falando coisas mui
arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com
dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro,"
(2Pe 2:18)
2) Quando as palavras só
servem de combustível para a desavença. Quanto mais falamos, mais
ateamos fogo ao relacionamento, à situação, à vida da igreja, à estabilidade
familiar. "Sem lenha, o fogo se apagará; e não havendo
intrigante, cessará a contenda." (Pv 26:20). Há certas palavras que
tornam a crise muito maior do que era, de maior duração do que deveria durar.
Ficar quieto é melhor e fala mais alto.
3) Quando o que falamos
não é verdade. Nós sabemos que estamos blefando, estamos enganando,
simulando, inventando, aumentando, fantasiando. Queremos transformar algo em um
fato maior, mais relevante, e construímos uma farsa. Este tipo de palavra não
presta, não edifica, não vem de Deus e certamente um dia virá à tona, para
vergonha de quem falou. "Não vos escrevi porque não
soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da
verdade." (1Jo 2:21)
4) Quando quem tem que
ouvir não está pronto para entender. Muitas vezes o que temos a
dizer não será compreendido, não trará edificação, não contribuirá para nada, só
para confundir. De que adiantará? Apenas para satisfazer ao nosso ego, tirando
de nossas mãos a suposta responsabilidade em ter dito aquilo; contudo, nosso
interlocutor não entendeu nada, só se confundiu. É importante dizer as coisas
certas no tempo certo e na circunstância certa, nem antes e nem depois. "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar
agora." (Jo 16:12)
5) Quando as nossas
palavras não terão qualquer valia. Quando não irá adiantar
argumentar, explicar, ponderar, defender, quando o nosso direito não for
prioridade numa questão ou numa relação. Assim foi que Jesus guardou silêncio
diante dos seus algozes: ele sabia que ao Pai cabia por fim àquilo, porém, a
Ele, tão-somente aguardar na vontade de Deus. "Jesus, porém,
guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo
Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus." (Mt
26:63)
6) Quando as nossas
palavras não estão temperadas com amor. Podemos ter toda a razão,
mas se o nosso falar não estiver temperado com sal, com graça, com o desejo do
bem, as nossas palavras serão lixo. Podemos dizer tudo o que é certo, mas da
forma errada. Os ouvintes levarão em consideração a forma e não atentarão para o
certo. Quantos de nós não ouviram os nossos pais ou patrões dizerem coisas
certas, mas permeadas de grosserias, de ofensas, de violência? De que adiantou?
Somente quebrou qualquer chance de comunicação. "A resposta
branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." (Pv
15:1)
7) Quando o nosso falar
encobre o falar do Senhor. Sim, pelo muito falar do homem
escondemos o falar de Deus. Às vezes a voz de Deus é simples e clara, mas nos
enveredamos na exibição de conhecimentos e sabedoria, e encobrimos o Senhor.
Assim um sermão, que poderia ser simples e claro, deixando Deus pela Bíblia nos
falar, torna-se um pavão ostentador, cheio de barulho, prédica, prosa e turba a
autêntica mensagem. Ao invés de mostrar o Senhor, mostramos o quanto somos bons
faladores. "Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas
para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não
faça vã." (1Co 1:17)
Para terminar: mamãe contava sobre
o nosso avô, o pai dela. Muitas filhas e filhos, muita criança para educar, mas
ali estava o pai Leandro, cônscio de sua responsabilidade. Quando dois de seus
filhos se desentendiam ou quando algo iria azedar, Leandro apenas olhava para
eles e tossia, encarando-os. A demanda logo cessava e a paz voltava a reinar.
Nenhuma palavra, mas tudo a dizer! Que bom se também a nossa palavra tornar-se
assim, tão preciosa, curta e relevante! "Como maçãs de ouro
em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." (Pv
25:11)
Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja
pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg
1:19)
Wagner Antonio de
Araújo
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