sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

memórias literárias - 400 - ONDE ESTÃO TODOS?

ONDE ESTÃO
TODOS?

400
Ocupados. Cuidando dos negócios. Lutando pela sobrevivência.
 
Comprometidos. Com a agenda cheia, repleta, entupida de compromissos.
 
Distantes. Longe. Congestionados no trânsito. Em bairros e cidades fora de mão.
 
Compenetrados, resolvendo os seus próprios problemas, enfrentando as suas próprias lutas e desafios.
 
Envelhecendo. Criando filhos. Investindo nos negócios. Em busca de oportunidades.
 
Afastados. Distantes. Com novos contatos e novos projetos.
 
Offline, perderam o nosso contato, contrataram outra operadora de celular ou internet.
 
Tão próximos e tão separados! A mídia que coloca um celular on-line na mão de cada um de nós é a mesma que nos cria a solidão mais absoluta. O que deveria aproximar afastou; o que deveria facilitar dificultou. O que deveria significar o fim das distâncias criou outras. E revelou a nossa profunda e insuportável falta de humanidade. Repletos de contatos e longe de todos!
 
Com um whatsapp ligado fomos conduzidos ao extermínio da visita cordial, do encontro na praça, do almoço do domingo, da reunião pessoal tão proveitosa! Não celebramos um telefonema; não buscamos uma ligação; não tencionamos uma pessoalidade. Tudo está on-line e absolutamente inexistente!
 
A comunhão com Deus também. Sonhamos com um whatsapp nas mãos de Deus, onde pudéssemos fazer os nossos pedidos por escrito, por áudio ou por vídeo, recebendo imediatamente o que solicitamos. Deus só nos serve de provedor, como muitos filhos entendem ser os pais.
 
A praça está vazia. O almoço do domingo está desmarcado. O telefonema não acontece. Não temos mais amigos; temos contatos verdes e cinzas, on-line e offline. Um mundo pós-moderno e morto, idêntico à alma morta de um homem corrompido pela própria solidão.
 
Seria bom rememorarmos os ditos do Senhor: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros". Texto requentado? Não. Procedimento abandonado. Quando Cristo disse isso seu procedimento para com os Seus era real: comiam juntos, andavam juntos, pernoitavam juntos, serviam juntos. Juntos não significava on-line, nos contatos, nas curtidas, no grupo, na reunião. Juntos significava juntos; apenas isso.
 
Hora de mudar. Hora de regressar. Hora de reunir. Hora de voltar ao propósito da alma humana: comunhão!
 
Wagner Antonio de Araújo

02/02/2017

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