quarta-feira, 11 de setembro de 2013

memórias literárias - 107 - CASAMENTO: PLANO, DÁDIVA E ORIENTAÇÃO

107 - CASAMENTO: PLANO,
DÁDIVA E ORIENTAÇÃO


No último sábado, 20 de julho de 2013, fui preletor no 14o. Jantar de Casais da Igreja Cristã Evangélica Renovada em Mogi das Cruzes, São Paulo, à convite do Pr. Marcos Rozevel de Oliveira Rosa, a quem muito agradeço.

No domingo repeti a mensagem no púlpito da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo.

Compartilho aqui o texto preparado para o evento.

Wagner Antonio de Araújo





Tema: RENOVANDO O PACTO DE FIDELIDADE
Divisa: Salmo 89.34:
“Não violarei a minha aliança, e nem modificarei o que os meus lábios proferiram”

CASAMENTO: PLANO, DÁDIVA
E ORIENTAÇÃO DE DEUS PARA A HUMANIDADE

O casamento, antes de ser considerado um fato sociológico ou manifestação cultural, deve ser considerado uma instituição divina para a humanidade. Foi Deus quem o criou; foi Ele quem o instituiu. Deixou regras claras para o exercício do matrimônio, apontando o caminho para a verdadeira felicidade e realização. Em nossa sociedade, entretanto, por estar poluída com o paganismo, com o ateísmo e com o pós-modernismo, as pessoas deixaram as orientações bíblicas para seguir os seus próprios conceitos: casam-se com sexos iguais (o que em nenhum lugar do Universo pode ser considerado “casal”, senão na cartilha dos modernistas), casam-se com várias pessoas ao mesmo tempo ou contraem diversas núpcias ao longo da vida sob qualquer pretexto (e não apenas pela exceção apontada por Cristo em Sua Palavra “a não ser em caso de adultério”, cf. Mt 5.32). No caso de cristãos desde o berço, deixam de seguir a orientação divina (“não vos prendais a um jugo desigual”, cf 2 Co 6.14) e caminham rumo ao desconhecido, seguindo o próprio coração. Resulta disso a grande desestrutura familiar contemporânea, a instabilidade das relações, a falta de Deus no lar e a infelicidade das famílias.

Afirmo com toda a convicção que Deus, o criador do homem e da família, planejou o casamento, concedendo-o para a felicidade do casal e estabeleceu regras para o seu desenvolvimento. Por ser Ele o criador da família sabe perfeitamente a receita para a felicidade de Sua criação. Portanto, gostaria de refletir sobre Seu plano, a dádiva advinda dele e as Suas ordens para realizá-lo com perfeição.

I – O CASAMENTO É UM PLANO DE DEUS

Ao criar a humanidade Deus o fez em duas partes: primeiro criou o homem e depois a mulher. Ao criar o homem “disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.” (Gn 2:18). Foi idéia divina a criação da mulher. Fê-lo para torná-la sua ajudadora, sua companheira, sua parceira. Estava ali a graça de Deus operando de forma decisiva no suprimento do homem: criou-lhe uma companhia, criou-lhe alguém que dele cuidasse e que o acompanhasse em toda a sua existência. Ele é o autor do casamento.

Ao uni-los (foi o próprio Deus quem determinou essa união), deu-lhes uma ordem: E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gn 1:28). Com isso o Senhor estabelecia não apenas a concessão do convívio entre homem e mulher, mas o caminho para multiplicá-los, realizando o Seu intento de tê-los como dominadores em toda a Natureza. Era o plano para a perpetuação da espécie, para a habitação de todo o planeta.

Deus não criou a companheira para o homem através de outra ordem, de outra espécie, de outra criatura. Ele o fez através de um pedaço dele: extraiu uma costela e com ela criou a mulher. Ela seria agora “osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.” (Gn 2:23). Separados através da primeira cirurgia da história, as partes se buscam e querem o reencontro e a reunião. Por isso Cristo afirmou: “E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.” (Mc 10:8). O casamento torna Adão e Eva em uma única unidade física, através da união, do convívio, da conexão.

Encontramos no Novo Testamento as palavras instrutivas do Apóstolo Paulo quanto a essa questão: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, “(Ef 5:25). Através do casamento o homem deve desenvolver com temor e tremor o amor pela sua esposa. Um amor dedicado, profundo e sacrificial, que tem em Cristo o seu modelo máximo: assim como Cristo amou a igreja, morrendo por ela, assim devem os maridos dedicarem-se em amor por suas esposas. Dedicação que inclui sustento, amor, compreensão, socorro, cuidados, carinho, suprimento, atenção, fidelidade, consagração.

Também lemos nas páginas do Novo Testamento a ordem divina para as mulheres: “Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor.” (Cl 3:18). Se por um lado os maridos deveriam dedicar as suas vidas nos cuidados para com suas esposas, deveria ser também em igual consagração a submissão das mulheres aos seus próprios maridos. Isto significa andar com eles, caminhar em seus propósitos, honrá-los, respeitando-os, submetendo-se às suas orientações e decisões. Certamente que isso não ecoa politicamente correto numa sociedade que despreza a Palavra de Deus e os conceitos divinos. Mas para os crentes legítimos isso é verdade inabalável: homens amam e dão a vida; mulheres honram e são-lhes submissas.

II – O CASAMENTO É UMA DÁDIVA DE DEUS

O casamento tem suas alegrias e suas delícias. Deus o criou não apenas para perpetuar a espécie ou para o domínio da Natureza, mas para  a felicidade do homem.

Diz-nos o autor de Eclesiastes: “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade.” (Pv 5:18). A alegria de conviver, de estarem juntos, de desfrutarem da intimidade sexual, de poderem ser quem são sem máscaras e nem limites na privacidade deve gerar profunda alegria e plena realização. Contudo, tal felicidade está limitada ao “teu manancial”, “mulher da tua mocidade”, ou seja, a única mulher com quem o homem celebrou um compromisso, uma aliança. Não há espaço nos propósitos divinos para uma segunda ou uma terceira, nem para outros homens na vida da esposa.

O casamento também supre necessidades básicas na vida de ambos: “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.” (Ec 4:9). O casamento potencializa esforços e aumenta o sustento. No passado as mulheres primavam pela atividades do lar. Hoje ambos têm vidas profissionais e somam os seus recursos, melhorando as próprias condições (o que não exime a responsabilidade feminina como a “rainha do lar”). O casamento supre também necessidades humanas e físicas, pois está escrito: “Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará?” (Ec 4:11). Como é bom a companhia do cônjuge ao nosso lado, quando estamos em nosso leito ou em nossa mesa! Também potencializa a força da família: “E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” (Ec 4:12) A esposa encontra no marido o seu defensor; este, tem na esposa a sua melhor advogada. Por isso a importância da fidelidade e da vida correta entre ambos e com cada um em particular!

A família biblicamente constituída promove descendência: “Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a perturbação; porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles.” (Is 65:23). Como é lindo uma família que teme ao Senhor, que possui um patriarca honrado e consagrado, uma mãe zelosa e exemplar! Filhos, netos, noras, genros, todos em franca admiração deste lar abençoado pelo Criador! E isso não está longe de ser realidade, desde que coloquemos em prática os propósitos do Senhor em nossos casamentos!

Aliás, esta é outra dádiva do Senhor: um lar que serve a Deus! “Porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. (Js 24:15). Sim, um lar biblicamente constituído tem o privilégio de servir ao Senhor em união e em dedicação! Podem os pais trazer para a esfera da casa um clima de culto, de respeito a Deus, de celebração de Cristo, dia após dia. Na mesa de refeições, na sala de estar, no quintal ou na varanda, no quarto de dormir. A casa se torna recôndito dos autênticos servos do Senhor! (foi assim que John Paton seguiu ao Senhor, vendo o seu pai entrando no quartinho que chamava “santo dos santos” em oração; foi assim que Suzanna Wesley criou os seus multos filhos, dando 2 horas diárias em oração).


III – O CASAMENTO DEVE SEGUIR A ORIENTAÇÃO DE DEUS

Se o casamento ainda não aconteceu, deverá seguir os critérios divinos: dois servos do Senhor: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Co 6:14). Seguir os impulsos da emoção não é caminho pavimentado para a felicidade. Casar-se porque alguém é bonito, é rico, é influente, é muito amigo, mas não satisfaz os critérios bíblicos, é um risco muito grande.”mas se falecer o marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor. (1Co 7:39). Se o critério para as viúvas era “casar-se no Senhor”, também funciona (e com muito mais eloqüência) às virgens, às moças. E aos rapazes também.

Aos casais que não são ambos do Senhor, seja por uma decisão impensada no passado, seja por ter um dos cônjuges se convertido após o matrimônio, seja por um dos dois ter se desviado de Cristo, uma palavra de paciência, de oração, de estímulo à fé: “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra;” (1Pe 3:1). Esse silencioso testemunho serve também aos maridos crentes: orem, clamem, testifiquem, leiam a Bíblia com suas esposas (lembro-me de Thiago Taylor, avô de Hudson Taylor: no dia do casamento converteu-se; sua esposa não era crente; todas as noites, antes de dormir, dobrava os joelhos e orava em voz alta e em lágrimas, pela salvação da esposa; um dia esta ajoelhou-se e orou: Deus, se a minha alma é tão importante para o meu marido, então eu também quero converter-me a Jesus”).

O casamento deve exemplificar o amor de Deus pelo homem e a própria harmonia da Santíssima Trindade. “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,” (Ef 5:25). O amor de Cristo como exemplo ao amor do marido. “De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” (Ef 5:24). A submissão da Igreja à Cristo deve ser exemplo da consideração das mulheres aos seus maridos. “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17:21). Papéis diferentes entre Pai e Filho, mas amor, unidade e completa harmonia entre ambos. Esse é o ideal para a família.

O fim do matrimônio deve ser com o falecimento de um dos cônjuges, não com os problemas de adaptação ou com o desgaste do relacionamento. É necessário que se entenda que a ALIANÇA vem primeiro do que o sentimento. É um pacto, um acordo, um compromisso que se assume com o outro, diante de Deus e da própria sociedade, para um viver unido até o final. Contudo, “por causa da dureza dos vossos corações” (cf Mc 10.5), Cristo deixou uma ressalva para a separação: “a não ser por adultério, por infidelidade (Mt 5.32). E o Apóstolo Paulo também orientou quanto ao abandono do cônjuge que não suporta a fé cristã: “Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz.” (1Co 7:15) . Contudo, jamais isso servirá de regra, senão de exceção e decepção profundas, uma válvula de último escape.


IV – PALAVRAS QUE PODEM RESTAURAR UM CASAMENTO

Quatro pequenas letras podem servir de base para a transformação de um casamento. MMPM. O que significariam essas letras?

M – “Muito obrigado”. Sim, expressão de gratidão, de reconhecimento, de consideração. Com o convívio deixamos de expressar gratidão pelas coisas, pelas atitudes, pelos presentes, pela dedicação, pelo trivial e pelo especial. O convívio ao tornar íntimos os cônjuges torna-os, muitas vezes, de comunicação falha. Ou então passam a considerar as coisas feitas um pelo outro e para o outro como “meras obrigações” de quem vive junto. Não deve ser assim. Ensina-nos a Palavra de Deus: “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.” (Cl 3:15) Agradecidos a Deus, mas agradecidos ao outro. E isso não pode ser subentendido, deve ser verbalizado dia após dia, mesmo que repetitivamente.

M – “Meus parabéns!” – Ah, quanto pecamos por não celebrar as vitórias do outro! Não apenas com o cônjuge, mas com os próprios filhos! Se o filho tirar 9, então a reclamação é porque não tirou 10. Ao tirar 10 reclama-se porque não fizera isso antes. Dessarte nunca há um momento onde se diz: “Meus parabéns!”. Com os cônjuges isso deveria ser expressão constante! Parabenizar por um arroz que ficou no ponto, por uma casa arrumada, por um negócio realizado, por uma promoção, por uma decisão de vida, por um quilo perdido, por uma dívida paga, por uma palavra boa, por uma celebração específica. Parabenizar impulsiona o outro a melhorar ainda mais naquilo em que dedicou-se. Dar os parabéns faz o outro sentir-se reconhecido. E isso é bíblico. O pai do Pródigo celebrou a decisão de regresso. Cristo celebrou a fé da mulher fenícia (“ó, mulher, grande é a tua fé”, cf. Mt 15.28).

P – “Precisamos conversar” – Uma prática que deixamos de lado quando os problemas se avolumam ou quando julgamos não ter mais jeito de acertar as arestas. Varremos os problemas para debaixo do tapete, na esperança de manter limpo o caminho. Enganamo-nos! Os problemas estão lá, aguardando apenas o momento de virem à tona! É necessário conversar. É necessário colocar as coisas em ordem, admoestar, exortar, confessar, orientar, chorar, consolar. “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só;” (Mt 18:15). É necessário tratar civilizadamente das diferenças. Contar o que se sente, contar sobre a mágoa, buscar o acerto. E quem ouve, se tiver que pedir perdão, que peça. Se puder mudar de comportamento em prol da harmonia, que mude. Mas conversar é fundamental.

M – “Me perdoe” – Ah, como somos teóricos em nossas vidas cristãs! Dizemos aos homens que Cristo perdoa pecados, que devem pedir perdão a Deus, mas não pedimos perdão quando sabemos que estamos errados! Achamos que o tempo dirá que mudamos e que não precisamos dessa humilhação. Mas o perdão tem que ser verbalizado. Temos que pedir perdão. E se for excessivo, se não for a primeira vez? A outra pessoa pode dizer: “toda hora você pede perdão!” Mesmo assim. “E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.” (Lc 17:4) E o outro tem que ouvir o seu: “eu te perdôo”. Há quem diga: “não perdôo”. Está errado. Na oração do Pai Nosso está escrito: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”. Há quem diga: “perdôo mas não esqueço”. Está errado. O próprio Deus diz sobre os nossos pecados: “Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Hb 8.12) “E diz: Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.” (Mq 7:19). Perdoar é um ato de cristianismo e de conversão.

CONCLUSÃO

O casamento é um plano de Deus para a felicidade humana e deve ser preservado, respeitado e cultivado.
A fidelidade é imprescindível: fidelidade um para com o outro, fidelidade para com Deus e fidelidade para com a posteridade.
Um lar desmoronado pode ser reconstruído pelo poder do Espírito Santo e pelo exercício das regras bíblicas do casamento.
Somente famílias consagradas poderão mostrar ao mundo o verdadeiro poder do amor de Deus.
Comece hoje a usar as 4 letras e a reedificar, no Senhor, um casamento feliz.

Wagner Antonio de Araújo

(mensagem pregada em 20 de julho de 2013, no 14º. Jantar de Casais da Igreja Cristã Evangélica Renovada de Mogi das Cruzes em São Paulo, à convite do Pastor Marcos Ruzevel de Oliveira Rosa, a quem agradeço cordialmente).

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