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DE PAPEL COMUM
A LIVRO
PRECIOSO
Simples folhas de sulfite. Papel branco, comum, em
quantidade. Nenhuma riqueza, nenhuma composição estupenda, apenas celulose em
forma de folhas para escrever.
Coloco as folhas na impressora. Escolho um jornal
célebre, o testemunho de um missionário que faleceu em 1930 (Dr. William Edwin
Entzminger). Imprimo aquelas páginas todas em ordem. Tomo-as à mão. Meu Deus,
que preciosidade! Não quero amassá-las, não quero borrá-las, quero que sejam
zelozamente cuidadas, pois o que ali imprimi vale mais do que ouro! Sou um
historiador; assim, tenho em minhas mãos o testemunho de uma vida que mudou a
história por graça, permissão e vontade de Deus, um servo do Senhor do qual o
mundo não era digno.
Eram simples folhas de sulfite. Não teria qualquer
dificuldade em rasgá-las e jogá-las fora. Impressas com critério, tornaram-se
valiosas, tornaram-se especiais.
Assim é a vida de um homem. Um simples ser humano, uma
alma que vive, respira, come, bebe, dorme, anda, cresce, reproduz-se, envelhece
e morre. Uma pessoa comum apenas, mais um na estatística da população mundial.
Contado como gado no rebanho nacional, recebe um número, uma ficha, uma
identificação social que expirará quando falecer.
Mas se colocado na "impressora de Deus", poderá ter
gravado em sua face a própria face de Cristo! E então deixará de ser medíocre
para tornar-se único, especial, valioso! Uma folha impressa por Deus traz em seu
conteúdo a própria face e boca do Altíssimo. Assim o homem se torna especial
pelo conteúdo, não apenas pela composição física. É o que está impresso em sua
face, seu caráter, seu temperamento, sua personalidade, seu conhecimento,
cultura, índole, histórico, que faz dele um ser inesquecível e especial. Deus
grava nele um "novo coração", imprimindo em seu ser as Suas próprias leis, a Sua
própria vontade!
De simples folhas de papel tornamo-nos uma obra de arte,
um patrimônio, um legado! E o que é que trazemos impresso em nossa face? Talvez
os rabiscos dos planos que se frustraram. Estamos mais para papel de rascunho do
que documento oficial. Talvez as rasuras de palavras que não deveriam ter sido
escritas e agora não podem mais ser apagadas. Talvez a história de uma vida que
não se submeteu à impressora de Deus. Um papel feio, furado, sujo, amassado, mal
escrito e fadado à reciclagem; como somos imortais, não à reciclagem, mas ao
destino eterno escolhido. Diz-nos a Escritura: "Cada um dará contas de si mesmo
a Deus" (Rm 14.2)
Porém, como isso é apenas uma ilustração, a boa notícia
é: Deus pode tornar-nos uma nova folha de sulfite, limpinha, clara, pronta para
que lhe seja impressa uma nova história, um novo texto, uma nova aparência, um
novo formato! "E assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram, eis que tudo se fez novo". (II Co 5.17). Necessário,
contudo, é que o homem submeta-se ao impressor: confessando os seus pecados e os
maus escritos em sua história, e rogando a graça de um banho de pureza e limpeza
pelas mãos do Senhor: "Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e
ficarei mais branco do que a neve." (Sl 51:7); " porque lhes perdoarei a sua
maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados." (Jr 31:34)
Na impressora de Deus a obra se torna histórica,
monumental, importante. Simples homens tornam-se heróis da fé. Simples criaturas
andarão com Cristo no Céu, testemunhando de Sua fidelidade e do Seu amor. Até um
ladrão condenado pode ser uma folha limpa escrita por Deus, como o companheiro
de Cristo no monte Calvário!"E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando
entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso." (Lc 23:42,43)
Coloquemo-nos na impressora de Deus e deixemo-Lo
imprimir em nós a Sua Palavra, a Sua beleza, a Sua vontade, a Sua glória. Não
seremos mais simples sulfite mas um livro precioso nas mãos de
Deus.
"Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel
depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a
escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo." (Jr
31:33)
Wagner Antonio de Araújo
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