segunda-feira, 22 de junho de 2015

memórias literárias - 215 - ERA UMA VEZ ...



 
 
06 - Sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004
 
 
 
Crônicas de Verão
 

 
 
Era uma vez...
215
Wagner Antonio de Araújo 06/10/2003


Havia um país muito grande, com 200 milhões de habitantes, cheio de violência, insegurança, fome, desestrutura familiar, analfabetismo e tudo o que não prestava. Havia também uma malha televisiva invejável: a televisão cobria o país de ponta a ponta, a ponto de ser o órgão de comunicação mais eficiente e rápido. Campanhas e mais campanhas contra a violência, contra a gravidez na adolescência, campanhas sobre ética na política, etc. Mas não havia resultado algum, além de deixar o povo cada vez mais indignado.

 
Então os donos de mídia (TV, jornais, revistas, sites) resolveram se reunir e fazer um pacto. Eles diziam: “O que estamos construindo com a porcaria que veiculamos? Que mundo deixaremos para a próxima geração? O mal está vindo contra nós mesmos! Vamos mudar a nação? Vamos fazer um pacto?” E fizeram.


Eles combinaram que toda a violência seria banida do entretenimento, e os jornais não explorariam mais a tragédia humana. Combinaram de abolir as propagandas de álcool e fumo, bem como o erotismo das novelas. Além disso, iriam investir positivamente em cultura, informação, educação, turismo, conhecimento nacional, estrutura familiar e pensamentos de ordem e progresso, princípios morais e éticos com valores cristãos. Esse pacto iria durar 10 anos.

 
E as televisões acabaram com os programas de pegadinhas, com a apologia do homossexualismo, com as banheiras de mulheres peladas e com os desfiles de pessoas nuas. Em lugar dos noticiários sanguinários, passaram a cobrir eventos positivos e construtivos, como casas populares inauguradas, orfanatos reformados, esportes e atletismo, campeonatos escolares, feiras e eventos, pesquisas científicas, documentários sobre as belezas do Brasil, etc.

No princípio houve quem achasse muito ruim, em nome da democracia. Mas os donos de tv disseram que democraticamente haviam decidido isso a bem dos filhos do país, e tinham respaldo da constituição. E continuaram a programação.
 


Bem, em três anos o país era outro. Alguns índices mostraram os efeitos da tv decente: 78% de queda nos índices de gravidez prematura, 89% de queda nos índices de violência urbana, 100% de queda no crescimento do número de menores abandonados, paz nas periferias e subúrbios das grandes cidades, e outras coisas. As grandes companhias de cigarro e bebidas foram obrigadas a investir nos mercados de sucos de fruta e alimentos saudáveis, em virtude da queda estarrecedora de consumidores de seus produtos. Igrejas cessaram suas aberrações modernas, como unção de uivo, urinar nas praças ou fazer novenas de prosperidade. Antes, tiveram que se dedicar a ensinar a bíblia para o vasto número de crianças e adolescentes que apareciam nos domingos.

Ao final dos dez anos aquela era uma boa nação. E viveram felizes... até que alguém me acordou do sonho...

 

Claro, tudo isso é utopia. Isso é improvável. Ninguém quer viver debaixo de ditaduras, mesmo que benéficas. Custou-nos muito caro a democracia. Mas eu tenho certeza de que qualquer campanha pela humanização do país é inóqua enquanto não houver um pacto nacional para o desmantelamento do lixo tóxico jogado nos lares todos os dias pelos canais de tv. É altamente improvável que um pacto desses aconteça, pois “o mundo jaz no maligno” (I Jo 5.19). A hipocrisia continuará a imperar: “Programa ‘sou da paz’; assista, à seguir, mais um capítulo de ‘matador profissional’” Enquanto isso continuar, adeus, nação abençoada.

Bem, consertar o mundo eu não posso. Mas posso consertar a minha casa. E, quem sabe, alguém que leia este artigo, seja um formador de opinião e me ajude a propagar este sonho, fazendo-o tornar-se uma realidade...
 
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

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