Mamãe
orava.
Eu orarei
também.
Mamãe era
uma mulher de oração. Sim, Elzira Bonfante, heroína na fé, sabia orar, e como
orava! Ela sabia falar com Deus.
Mamãe não
cursou teologia, não conhecia as línguas originais da Bíblia nem tampouco
matérias acadêmicas. Mas ela conhecia a Deus muito mais do que eu; a sua
teologia era a teologia da comunhão, da contrição, da rendição total ao Senhor
que lhe remiu.
A beleza de
minha mãe não estava tanto no rosto ou no corpo torneado. A sua beleza estava na
alma, no caráter, na vivência com Jesus, na experiência de quem sofrera e
vencera, de quem trocara tudo por Cristo, o seu Salvador
amado!
Mamãe orava
por nós. E como orava! Junto de sua bengala, ou depois, no andador, ela se
escorava sentadinha na cama, fechava os olhos e balbuciava palavras doces ao
Senhor. Em seus dizeres havia o odor de cada um de nós. Ela pedia por mim, por
meu irmão, pela Milú, pelas suas irmãs, nome por nome, por sua igreja, seu
pastor e a família dele. Mamãe orava para que seus parentes encontrassem Jesus
como ela encontrara um dia. Ela orava para que eu fosse feliz e sarasse; que o
meu irmão prosperasse e fosse cada dia mais santo; que não faltasse o pão
quotidiano. Orava pelos vizinhos todos, pelos irmãos em Cristo, pelo Brasil,
pelos netos que não tinha mas que gostaria de ter.
Mamãe
agradecia. Ah, quantas vezes ela parava no meio da refeição e dizia: "Obrigada,
Senhor!" Constantemente cantarolava e batia com a mão na mesa ou na cadeira para
acompanhar seu canto: "Renova-me, Senhor Jesus, põe em mim teu coração...";
"Andando com Deus eu estou, andando com Deus..."; "Mais perto quero estar, meu
Deus de Ti"... Quando as mulheres da igreja (Batista em Vila Pompéia São Paulo
Brasil) vinham celebrar o culto das senhoras em casa, mamãe trazia seu Cantor
Cristão (hinário) e pedia para cantar vários hinos. Em cada um deles ela se
emocionava e como não sabia o que fazer com as lágrimas que desciam, ela sorria
e dizia: "Como sou boba, estou emocionada!" Sim. Lágrimas e sorrisos sinceros,
honestos, humildes, de uma mulher que orava!
Mamãe pouco
pedia para si. Raramente eu a vi orar por algo pessoal. Ela não tinha nem tempo
e nem interesse, uma vez que se sentia absolutamente realizada com o que
recebera do Senhor: a vida eterna! Mamãe era toda amores por Cristo. O que ela
queria era ter bastante para repartir com suas irmãs e com os filhos. "Se eu
ganhasse um milhão, daria um pouco para a Jovê (irmã), outro pouco para a Elza,
para a Iracema, para a Nadir etc... Comprava um carro para você, outro para o
Daniel, ajudava a construção do templo etc..." E assim ela sonhava! E nos seus
sonhos ela nos deu tantos carros, ela ajudou tanto as minhas tias, ela supriu
tanto as nossas necessidades!
E é
verdade, pois, se não fez mais financeiramente (sempre que pôde fez!), o fez com
o seu amor, o seu carinho, a sua ternura, a sua quietude, o seu sorriso e bom
humor constantes, e, principalmente, com as suas orações!
Mamãe
orava! E esse é o tesouro que Daniel e eu levaremos pelo resto de nossas vidas:
as orações de nossa mãe! Assim como ondas de rádio se propagam pelo espaço e
nunca se perdem, as orações de nossa mãe não se desfizeram em energia estática;
elas continuam agindo, continuam no Altar de Deus, continuam suprindo bênçãos
aos que delas foram alvos! Sim, pois diz-nos a Escritura Sagrada que as orações
estão no cálice do Senhor, com o incenso do Altar. Elas não se perdem. "Muito
pode a oração de um justo em seus efeitos" (Tg 5.16)
Agora,
enquanto chove forte lá fora, enquanto a frente fria avança pelo estado de São
Paulo, enquanto a minha casa está quase toda reformada e sem mobília, enquanto a
minha esposa repousa tranquila em seu leito, enquanto a minha irmã adotiva está
em Minas com o meu irmão Daniel, cá estou eu, na minha poltrona, olhando o
retratinho de minha saudosa mamãe em oração. Como sou rico! Eu tive uma mãe que
orava!
Irmãs que
me lêem: sejam para seus filhos, parentes e amigos mulheres que oram, mulheres
que intercedem, mulheres que trazem beleza, ternura e graça nos lares onde
vivem!
Filhos e
filhas: sejam para seus pais filhos que oram, que suplicam, que intercedem! Eu
lhes dou testemunho de que vale à pena, pois somente aos quatorze anos eu me
entreguei a Jesus, mas orei e testemunhei de Cristo, e vi cada um dos meus
familiares se render ao Senhor, inclusive a minha mãe, que se converteu por
último, mas transformou-se na mais crente de todos nós! Vale a pena tornar-se um
filho ou uma filha que ora!
Maridos e
pais: tudo o que devemos ser pode resumir-se nesse ato maravilhoso: "homens que
oram"! Não é suficiente conhecer a Deus "de ouvir falar", "de ouvir
pregar". Precisamos andar com Deus. Precisamos buscá-lo em oração, com a bíblia
na mão e em contrição interior.
Quando orar
deixar de ser um peso e transformar-se num hábito, então teremos começado a
caminhar a maravilhosa jornada dos heróis da fé. Teremos agradado o coração de
Deus e vislumbraremos os portais da Terra Celestial com felicidade e grande
contentamento!
"Obrigado,
Senhor, pela minha mãe, Elzira Bonfante, Tua serva, minha heroína, meu tudo, meu
tesouro incomensurável! Sofro, Senhor, por tê-la recolhido tão cedo, em 2005,
mas confio que o Teu plano foi perfeito e submeto-me a Ti. E peço-Te: que o
exemplo de minha mãe inspire outras mães, pais, filhos, irmãos e amigos, para
que também sejam PESSOAS QUE ORAM. Em nome de Jesus.
Amém."
Eu te
amo, mãe querida! Para sempre...
Wagner Antonio de
Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel
em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
pres. da Ordem dos Pastores Batistas
Clássicos do Brasil
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