AMAS-ME
OU
USAS-ME?
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"Como eu o amo"!
"Como ele é bom!"! "Como nós gostamos de você!" Frases tão comuns em determinado
tempo, que desaparecem de uma hora para outra quando não temos mais o que
ofertar. Estão aí os pais esquecidos, que contam nos dedos o número de visitas
que os filhos lhe fizeram durante o ano. Estão aí os pastores que deixaram os
seus pastorados e hoje não são mais convidados para pregar em lugar nenhum.
Estão aí antigos presidentes, secretários, missionários correspondentes de
organizações, que foram deixados ao relento pelos que deles não podem tirar mais
nada. Estão aí os cônjuges separados, muitos deles sofrendo opróbrio e dor
porque não tiveram mais aquilo que o companheiro buscava em sua pessoa.
Nós pensamos que
amamos, mas na maioria das vezes usamos. Sim, e as outras pessoas ou
instituições também. Um banco descobre quem tem dinheiro e lhe dá uma grande
linha de crédito. "Como o banco me ama!" A pessoa utiliza o crédito e o banco
lhe corta a linha. "Como o banco mudou comigo!" Não, o banco nunca lhe amou; ele
amava o lucro que você poderia significar; já que não rende tanto, também não
lhe é mais interessante. Já perceberam como os presidentes, secretários e
membros de diretoria empresarial, institucional ou eclesiástica têm muitas
pessoas que lhes procuram, lhes telefonam, lhes mandam presentes, lhes
demonstram afeto? Basta que deixem a ativa e verão de forma claríssima
desvanecer o enorme círculo de amizades que supunham possuir. Igrejas que antes
supostamente valorizavam os seus pastores, agora, que se aposentaram ou que
ficaram incapacitados, tornaram-se grandes anônimos, esquecidos e deixados de
lado. Nós somos assim. Nós agimos assim, muitas vezes, inconscientemente.
Mantenho em minha biblioteca livros de nomes famosos no meio cristão, pregadores
e mestres de renome. Hoje eles são papel velho e brochuras descosturadas; eles
foram usados, talvez amados por alguns, mas a maioria os usou e agora os
despreza.
"Rei morto, rei
posto". Hoje mesmo vimos algo significativo claro na mídia. O Sr. José Maria
Marin, grande líder de futebol, tinha um prédio no Rio de Janeiro com o seu
nome. Aprisionado por suspeitas de desonestidade, arrancaram-lhe a honraria e
ele agora não representa mais nada, nem o nome do prédio. De um dia para o outro
acabaram-se os amigos e os admiradores. Na verdade não o admiravam; eles
serviam-se do que ele poderia lhes suprir. E é assim em várias questões da vida:
os filhos colocam os pais no asilo porque só dão gasto e não servem-lhes de
nada; maridos separam-se de esposas estéreis porque queriam filhos; esposas
abandonam maridos desempregados e adoentados; membros deixam igrejas que não
possuem coisas que lhes supram a demanda educacional ou posicional. E amigos vêm
e vão, de acordo com o que encontram em nós, se é interessante ou não. Baseados
nisso eles surgem ou desaparecem.
Ou amamos ou
usamos, não há saída.
Nós amamos quando
visitamos alguém pelo que ele é e pelo prazer de estar com ele. Nós o usamos
quando fazemos a visita buscando algum favor, algum empréstimo, algum documento,
ou quando colocamos o compromisso embutido numa brecha da agenda (íamos passar
perto, resolvemos fazer a visita para evitar conversas).
Nós amamos quando
temos amigos com quem compartilhar, independentemente da função que exerçam. Nós
usamos quando fazemos de pessoas importantes ou úteis nossos amigos, e mantemos
a amizade enquanto durar essa barganha de favores (eu bajulo, ele me
ajuda).
Nós amamos a Deus
quando o buscamos apenas pela alegria de estar em Sua Santa presença ou lemos a
Sua Palavra pela felicidade de ouvir a Sua voz e meditar em Seu ensino. Usamos a
Deus quando o buscamos pelo interesse de obter dele algum favor ou ler Sua
Palavra para resolver alguma questão.
Amamos o cônjuge
quando ele é precioso para nós independente do que nos oferece. Usamos o cônjuge
quando ele representa prole, posição social, patrimônio econômico ou satisfação
física.
Amamos as pessoas
quando elas continuam a ser importantes para nós, ainda que não nos concedam
benefícios. Usamos as pessoas quando as tornamos importantes enquanto nos dão
preços bons, benefícios vários ou oportunidades sociais.
Amamos a igreja
quando servimos ao Senhor sem nos preocuparmos com o que ela fará por nós. A
usamos quando estamos nela por causa de emprego, pela estrutura que supre a
demanda familiar ou pelo público que nos fornece clientes para os nossos
negócios.
Somos do tipo que
usa ou do tipo que ama?
Amamos o cônjuge
ou o usamos? Amamos o pastor ou nos servimos dele? Amamos a empresa, a
instituição, a sociedade, a igreja, ou as usamos enquanto nos forem úteis?
Amamos o país ou nos alimentamos do que ele nos fornece?
De que tipo
somos?
Jesus afirmou:
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que
me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele." (Jo 14:21)
E o Pai disse:
"Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de
mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se
afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de
homens, em que foi instruído;" (Is 29:13)
AMAS-ME OU
USAS-ME?
Wagner Antonio de
Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em
Carapicuíba, São Paulo, Brasil
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