6/5/2007
Segundo Dia das Mães com mãe
ausente. Sim, ela está um tanto ocupada no Céu, aliás, não voltará mais aqui,
exceto no dia da grande ressurreição. E acabou por deixar o Daniel e eu
“desmãezados”, uma palavra que acabei de inventar, cujo significado está na
cara.
Alguns que me lêem também têm mães ausentes. Talvez morem muito
longe de suas mães, ou então suas mães são falecidas, como a minha. No dia das
mães, se casados, festejam com as sogras. Mas nem sempre as sogras são grandes
opções... E acabam por sentir solidão.
Bem, se as mães moram longe, isso
não importa para um filho: as mães merecem todo o esforço que um filho faça,
nada é sacrificial demais. Hoje, no culto, Eduardo nos contava que sua mãe Maria
morreu ao dar à luz a ele. Que lindo, e que real! O que pode ser mais forte que
isso?
Também é importante que se diga que dia
das mães é todo dia, e não apenas o que consta no calendário oficial do
comércio. Marque uma visita, faça uma surpresa, fale por telefone, computador ou
torpedo, mas não deixe de contatar sua mãe. Mandar flores para encher o túmulo
de plantas mortas não resolverá a dor de sua consciência. Aproveite hoje
a existência de sua mãe!
Eu resolvi adotar uma mãe. Claro, por que
apenas mães adotam filhos? Filhos cujas mães estão indisponíveis podem
homenagear mães postiças. Podemos ter uma definitiva, ou cada ano poderemos
adotar uma nova, que pode ser velha mesmo, tanto faz. Mas alguém para festejar
conosco.
A Dona Justina está conosco aqui em casa. É a mãe da Milú,
minha irmã adotiva (chamo-a de irmã adotiva, porque trabalha conosco desde 1982
e não é mais funcionária, é membro da família, principalmente depois de tudo o
que fez de bom, cuidando da minha mãe). Dona Justina veio passar uns três meses
conosco e fazer companhia para a filha. Ela mora na roça, em Januária, norte de
Minas Gerais. E, de brinde, veio alegrar minha casa e tornar as coisas menos
tristes. Resolvi então festejar.
Hoje pela manhã, tocaram a campainha.
Milú atendeu. Era o entregador da cesta de café da manhã que eu encomendara.
Quando a Milú chamou sua mãe, esta ficou boquiaberta com tanta guloseima junto.
“é compra do mês”? “Não, mãe, é um presente de dia das mães e do seu
aniversário”. Então ela nem sabia por onde começar: não sabia se comia uma fatia
de presunto, um risoli, um doce, uma bolacha, uma torrada, se bebia um chá, um
suco, ela ficou perdida no meio de tanta coisa! Por um lado queria comer de
tudo; por outro, não havia barriga suficiente, nem tampouco saúde, pois ela é
diabética. Então comeu um pouco (um bando, conforme seu linguajar), e foi
deitar. Daí levantou de novo e veio tomar outro café. Ela estava feliz! E chorou
de alegria.
E eu também fiquei feliz com sua felicidade. Eu e a Milú.
Afinal, essa também é uma heroína. E, já que a minha mamãe está com Jesus, no
Céu, além de homenagear a memória da minha mãe, posso encontrar lugar no coração
para honrar uma mãe postiça também. Quantas mães a minha mãe honrou, meu Deus!
Quanta gente ela ajudou durante sua vida, e agora, com seu exemplo, continua a
ajudar! Sigo os passos dela. Eu, Milú e Daniel.
Desde cedo aprendi que
no Reino de Deus não há lugar para solitários e desamparados. Quem é órfão,
encontra pais postiços; quem não tem irmão, encontra um na igreja; também
encontram-se irmãs, encontram-se professores, alunos, amigos, colegas, etc. Só
vive sozinho ou mantém-se sozinho quem quer. Há muitos que encontram, inclusive,
alguém com quem formar uma família, ou reformar a própria vida, caso venha de
uma família terminada.
Louvo a Deus pelo evangelho. Em Cristo Jesus
somos membros uns dos outros e parte de um grande Corpo, cujo cabeça é Cristo,
cujo fundamento, alicerce e base é Cristo. Talvez essa segurança e essa
realidade nos dê condições de viver a vida de uma forma vitoriosa, pois em
Cristo não há derrota, só vitória. Aquilo que chamamos de derrota, nada mais é
que uma pequena perda temporária. Perde-se agora, para ganhar mais tarde.
Obtém-se menos agora, para ganhar-se mais amanhã. E, no nosso caso, aqui é
apenas o início. A nossa Pátria, cidade e derradeira morada está nos Céus, de
onde aguardamos o nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo. Mamãe já foi pra lá.
Milú, Daniel e eu seguiremos logo. Enquanto por aqui, queremos louvar ao Senhor
através do amor.
Não espero e nem quero que Dona Justina se sinta amada
apenas hoje, dia das mães. Quero que ela e todas as mães, e as irmãs solitárias
da igreja, sem filhos, sintam-se amadas, estimadas, honradas e percebidas
durante todos os 365 dias do ano. Assim, que todos nós expressemos o amor devido
às nossas mães, e, quando não for possível (ou se houver espaço em nossos
corações), que amemos outras mães também, tornando a vida de alguém mais feliz,
mais realizada, mais valorizada.
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