AOS QUE
ESTÃO SÓS
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Escrevo hoje para quem
está só ou se sente só, que não tem família, amigos, colegas ou pessoas com quem
contar.
Geralmente os solitários
são invisíveis. São sombras nas paredes, são ilustres desconhecidos na multidão,
são os ausentes nos jantares e nos encontros. Geralmente omitem-se por não serem
boa companhia, por acreditarem que trarão desconforto ou que estragarão a
festa.
Alguns já foram casados.
Sentados na praça de alimentação dos shoppings ou nos bancos de praça, relembram
com pesar e com melancolia dos anos em que se julgavam mais felizes. O filme da
vida passa por suas mentes sem dó nem piedade. Lembram os seus cônjuges, lembram
os filhos pequeninos, lembram os sorrisos, os galanteios, os presentes, os
gestos de amor. E, num suspiro profundo e dolorido lamentam a solidão. Uns
enviuvaram e olham para os lados do cemitério onde o corpo do ente querido
repousa. Para eles o mundo parou quando o cônjuge morreu. Outros divorciaram-se
e jamais encontraram um substituto para o coração.
Alguns são pais, mas pais
abandonados. Com muito custo e esforço criaram os seus filhos, educando-os,
vestindo-os, mantendo-lhes a estima, a educação, a dignidade. O tempo passou e
hoje vivem sozinhos em apartamentos urbanos, ou em sítios retirados, e,
lamentavelmente, alguns refugiaram-se num asilo público ou privado, esquecidos
pelos rebentos ingratos. Talvez recebam uma ligação telefônica, um torpedo, um
cartãozinho. Talvez ganhem um presentinho para guardar no armário de poucos
pertences. Talvez nem sejam lembrados. Alguns sabem que fizeram por merecer, mas
esperavam alguma compaixão e um perdão que nunca chegou. Outros, entretanto, não
mereciam isso de forma nenhuma...
Alguns são filhos
abandonados. Histórias tristes de crianças que não contaram com um pai, não
tiveram o afeto da mãe, não viveram uma infância normal e feliz. Foram
abandonados em latas de lixo, na porta de casas, nos hospitais, foram tomados e
encaminhados para orfanatos, para colégios, para refúgios. Viveram a vida toda à
caça de um sentido da existência, de um valor emocional, de uma mãe para amar,
de um pai para gostar, de um lar para dizer: moro aqui! Alguns sobreviveram ao
parto, ao passo que suas mães não, e vivem a existência na busca do abraço
materno que nunca chegou.
Outros estão longes de
seu país de origem. Vieram ou foram com o desejo intenso de trazer os seus
consigo. Contudo, a vida foi dura. Talvez não puderam voltar, ou não conseguiram
trazer os familiares. Vivem de telefonemas, notícias por carta, internet, ou
então nem contato têm mais. Separaram-se dos pais, dos irmãos, dos amigos, das
esposas, dos filhos e hoje vivem à sombra de alguns poucos amigos, de algumas
pessoas que ainda os têm em estima. No peito pulsa a saudade da aldeia, da
quinta, do condado, do lugarejo, da vila, do povoado. Sentem-se únicos e
solitários, tristes e impotentes. Alguns, além dessa desgraça, amarguram uma
pobreza irremediável, vivendo a vagar como andarilhos pelas ruas e
estradas.
Talvez seja alguém no
leito de um hospital. Nasceu com problemas, ficou a vida toda internado. Ou
então convalesce de doença crônica, difícil e permanente, privado dos
movimentos, da comunicação, do calor humano, da natureza, da família. Sente no
fundo da alma que é um estorvo, um peso para alguém ou para o Estado, e só
consegue saber que a vida passa, mas sem ele. Queria tanto um abraço, mas nem
sente o corpo, queria poder enxergar quem está consigo, ou caminhar por uma
grama, um corredor, uma sala, mas querer não é poder e continua aprisionado
dentro de um corpo que não responde a quase nada.
Talvez seja um idoso que
já viu partir todos os seres amados. A esposa faleceu, os filhos faleceram, os
pais faleceram, os amigos faleceram. Eles olham o rosto e as pessoas de hoje e
dizem: "sinto-me sozinho num mundo que não é o meu; por que vivo ainda? Os meus
iguais já se foram, o que faço aqui ainda?" Não entende a linguagem moderna, não
tem forças para interagir, sente falta do seu mundo de outrora e refugia-se nas
lembranças de uma época muito melhor.
Para todos esses
solitários e esquecidos , para todos esses que não constam na lista de
convidados dos banquetes e ceias, para todos esses que não têm presentes para
receber ou dar, para todos esses que verão a meia noite deitados numa cama ou
mesmo num beco frio e chuvoso, a minha profunda solidariedade. Não só a minha, a
solidariedade do Senhor. Diz-nos a Bíblia:
"O Seu Nome será EMANUEL,
que quer dizer DEUS CONOSCO", Mateus 1.23.
DEUS CONOSCO! Sim, Jesus
é Deus, e não um deus qualquer. Ele é Deus presente. Presente com os felizes,
mas presente também com os abandonados, com os esquecidos, com os
solitários, com os idosos, com os apátridas, com os peregrinos, com os
divorciados, com os órfãos, com os enfermos, com os
aprisionados!
Diz-nos Jesus: "Não se
turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim." (Jo
14:1)
Ele é amigo mais chegado
que um irmão, pronto a ser achado por quem o procurar e o invocar. Ele, enquanto
peregrino entre nós, semeando as boas notícias de salvação, foi ao encontro do
solitário: alcançou a mulher samaritana, olhou para o publicano cobrador de
impostos, transformou o endemoninhado gadareno, deu vistas ao filho de Timeu,
comunicou-se com a prostituta que chorou aos seus pés, sentiu a dor da mãe viúva
em Naim, apiedou-se do centurião, encorajou o aleijado no tanque de
Betesda.
A vida de Cristo foi uma
constante busca pelos solitários e desprezados, pelos leprosos, esquecidos,
marginalizados pela vida, pelas celebrações. A esses Ele
disse enfaticamente: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e
eu vos aliviarei." (Mt 11:28). Também falou: "Aquele que tem os meus mandamentos
e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu
o amarei, e me manifestarei a ele." (Jo 14:21)
Leitor solitário, Jesus é
DEUS CONOSCO e pode ser encontrado hoje, agora, neste momento, aí onde estiver,
desde que deseje buscá-lo, encontrá-lo, comunicar-se com Ele: "E buscar-me-eis,
e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração." (Jr
29:13)
Sua promessa foi
categórica: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós." (Jo
14:18)
Busque-o agora, através
de suas lágrimas, de sua dor, de seu lamento, de sua saudade, transformando tudo
isso numa catapulta que lhe impulsione a ORAR! Sim, a falar com Deus AGORA, de
todo o coração. "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva
os contritos de espírito." (Sl 34:18). Conte a Ele suas lutas, suas dores, fale
de sua saudade, de seus amores, abra o seu coração de forma rasgada, completa e
profunda com o DEUS PRESENTE, real e verdadeiro, com o
EMANUEL!
Ele é real, Ele está
presente, Ele pode ser encontrado agora, e melhor: sem precisar de ninguém mais,
apenas o leitor e Deus! Não digo isso por teoria, mas POR EXPERIÊNCIA PRÁTICA,
pois quando a solidão dilacerava o meu coração e a melancolia eclodia no meu
peito pela ausência de qualquer motivo de festa, busquei a Cristo em oração,
sozinho, e Ele se inclinou para mim, estendendo a Sua poderosa mão, renovando em
mim o verdadeiro sentido da vida. Hoje eu sou feliz porque Jesus é DEUS COMIGO!
Ele também poderá ser
CONTIGO agora. Busque-o. Jesus dá fim ao seu sofrimento.
Que Jesus Cristo, o Filho
do Deus Vivo, seja de fato e para sempre, comigo, contigo, o DEUS
CONOSCO!
2013
Wagner Antonio de
Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em
Carapicuíba, São Paulo, Brasil
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