segunda-feira, 28 de agosto de 2017

memórias literárias - 515 - AH, MARIA...

AH,
MARIA...

515
 
Maria era uma linda menina. Convertera-se aos 13 anos. Estava com 17. Desde cedo destacara-se como crente fiel: não ia a baladas, não publicava futilidades em suas mídias sociais, lia a bíblia, orava e frequentava os cultos com assiduidade. Ela procurava ser fiel em todo o tempo. Pelo menos era o que parecia.
 
Sentindo necessidade de ganhar algum dinheiro, passou a fotografar os irmãos e a imprimir lindos arranjos com as fotos. Transformava cenas pitorescas em lindas paisagens, com versículos bíblicos, frases e conteúdo encantador. Os irmãos compravam com prazer, além de fazê-lo para ajudá-la.
 
Ela era incentivada a procurar um emprego. E tentava. Mas a crise no Brasil fechara a porta para as jovens sem experiência profissional. Ela não desistia. Também era incentivada a procurar um homem crente com quem pudesse namorar e casar. Às vezes sentia-se diminuida por ver todas as outras moças a namorarem, a casarem e a trabalharem, e ela ainda não conseguira nada disso. Ao falar com o pastor, este explicou-lhe que Deus tinha um tempo apropriado para cada coisa e que ela estava seguindo pelo caminho certo, esperando no Senhor. Que continuasse a dar o melhor de si para Deus. Também disse que, se recebesse as bênçãos do Senhor, que permanecesse fiel aos princípios e à fé que abraçara.
 
Formou-se no ensino médio e foi encontrada por um dono de estúdio de fotografias. Eles gostaram dos arranjos que ela fazia e a convidaram para trabalhar. Ela, feliz e alegre, foi à igreja celebrar este maravilhoso acontecimento. Os irmãos choraram de alegria. O pastor celebrou com muita satisfação esta bênção. E fortaleceu-a na fé, dizendo que, se fosse do agrado do Senhor, Ele proveria alguém para ser seu companheiro, mas no tempo certo e do jeito dEle. Que ela continuasse tão fiel quanto fora até então.
 
Mas tal não aconteceu, infelizmente. Maria já não frequentava os cultos com regularidade. Deixou a sua classe de escola bíblica e não estava presente em todos os domingos. Ela se justificava, dizendo que tinha muito trabalho para fazer e que precisava do domingo para dar conta de suas tarefas. Para todos isso era absolutamente normal. Para o pastor e uns poucos consagrados, aquilo era fumaça, e onde havia fumaça havia também o fogo: Maria estava abandonando a fé.
 
Num domingo à noite apareceu ao lado de um rapaz bonito, porém não crente. Ele ostentava tatuagens em várias partes do braço. Estava de bermuda. Maria sabia que o pastor não admitia esse tipo de vestimenta no culto, mas ela não mencionou isso ao rapaz. De mãos dadas no culto, abraçados constrangedoramente ao final, Maria desfilava com o garoto. Parecia outra mulher, estava arrogante e orgulhosa. Foi embora no carro importado do rapaz. No domingo seguinte apareceu com uma tatuagem de rosa na beira do pescoço. E em três meses desapareceu da igreja.
 
Maria sucumbira ante o brilho deste mundo. Caíra na armadilha que Satanás preparara desde a fundação do mundo, buscando levar ao Inferno o maior número de pessoas. Maria perdeu a fé. Ou melhor, demonstrou que sua fé não tinha consistência. Enquanto era frágil e não tinha firmeza, usou a fé como muleta. Quando conseguiu o que queria, deixou a muleta e andou com as próprias pernas, longe de Deus. Maria não perdera a sua salvação; ela apenas demonstrava que nunca a tivera realmente. Como foi triste...
 
Jovem que me lê neste dia, ouça-me: isto é o que acontece quando Satanás nos engana e ludibria. As páginas do Velho Testamento estão repletas de exemplos disto. Israel, a nação do Senhor, recebera uma terra boa para viver, onde manava leite e mel. Bastou uma colheita abundante, bons empregos e paz na vizinhança, para que eles abandonassem o Deus verdadeiro e a obediência aos mandamentos. Então a mão do Senhor pesava sobre eles. Perdiam tudo, seguiam na miséria. Arrependiam-se, buscavam a Deus; recuperavam-se. E logo caíam novamente.  E,  ao final, perderam a bênção, pois a paciência de Deus tem limite.
 
Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. (Mt 21:43)
 
Jovem, não troque Deus por um prato de lentilhas! Não troque a fidelidade ao Senhor por um bom salário, um bom emprego, uma boa namorada, um lindo namorado, um carro importado, uma posição social ou um desejo concretizado. Tudo isso passa e a vida seguirá o seu curso. Lá na frente você verá o quão tolo foi!
 
Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; (Ec 12:1)
 
Não faça do Senhor uma muleta enquanto não tem tudo o que quer. Deus não é bolsa família, não é aspirina, não é balcão de empregos ou site de namoros. Deus é Pai, é Senhor, é Rei, é Mestre, é Soberano. Uma relação real com Ele deve existir nas horas de carência e nas horas de fartura. Se não for assim não há honestidade na fé.
 
Certa feita Jesus curou dez leprosos que clamavam para Ele. Curou-os gratuitamente, com amor e consideração. Nove foram embora e não mais voltaram. Apenas um regressou para agradecer. Então Jesus lamentou:
 
Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? (Lc 17:17-18)
 
Muitas Marias, Joões, Pedros e Anas continuarão a aparecer nas igrejas de Deus. Virão humildes, simples, buscando bênçãos e ofertando a vida. Nove em cada dez, depois de receberem as bênçãos, deixarão o Senhor, pois já encontraram o que buscavam: queriam a bênção. Um apenas ficará, escolherá o caminho da vida e se manterá fiel, dando a Deus a honra devida. E não aceitará vender a alma para ficar com o mundo; permanecerá no Senhor, ainda que perca tudo.
 
Jovem, não siga a Maria. Siga a Jesus.
 
E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. (Mt 10:38)
 
Wagner Antonio de Araújo

28/08/2017

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