quinta-feira, 13 de julho de 2017

memórias literárias - 473 - SANGUE NAS MÃOS

SANGUE
NAS
MÃOS
 

 
473
 
 
No Rio de Janeiro um garoto morre com um tiro na testa enquanto esperava o ônibus. Motivo: um celular. Em outro local a mulher e o marido são atropelados e a esposa perde o bebê que estava para nascer. Em São Paulo torcedores de um time surram e esfaqueiam até a morte um opositor. O sangue se espalha pelas periferias das grandes cidades. E as áreas centrais são infestadas de ladrões de carros, ladrões de celulares, de grupos que praticam arrastões. No interior e cidades pequenas, onde até pouco tempo reinava a tranquilidade, os bancos são bombardeados com dinamite, vitimados por marginais que desejam roubar os caixas eletrônicos. No campo proprietários de terras matam invasores, e sem-terra matam proprietários. Sangue no chão.
 
No canal de TV uma casa com cem pessoas exibe as mais baixas cenas de agressões e lutas por sobrevivência, expondo toda a pecaminosidade humana, confinando seres que buscam dinheiro e fama e submetem-se a esse tipo de segregação. Os filmes de tiroteios nos morros e favelas tornam-se campeões, e as novelas ensinam como enganar, roubar, adulterar, sequestrar, matar, corromper, usar drogas, praticar imoralidade e promiscuidade. Nos programas de auditório as mulheres cantam as mais podres canções de funk, enquanto atrizes famosas contam como fizeram orgias com seus múltiplos parceiros. Não há filme brasileiro sem sexo e sem palavrão; não há programa de auditório sem violência ou apologia à homossexualidade; não há reportagem que não denuncie roubo, corrupção, traição, mentira, licenciosidade.  Sangue na tela.
 
Nas estradas o sangue escorre violentamente  pelo asfalto quente dos caminhos. Um playboy dirige a 180 por hora em ruas de Curitiba e, por ser um político, não sofre punição, mesmo que tenha matado pessoas. Nas estradas os caminhoneiros varam madrugadas sem dormir, tomando os chamados rebites e, não donos de seus sentidos, invadem pistas, atropelam pedestres, irrompem nas filas dos pedágios, estraçalham famílias. Já os carros de passeio, com motoristas bêbados, praticam as ultrapassagens irregulares e imprudentes, matando famílias e vidas que nada tinham com isso. Motoqueiros destróem os espelhos dos carros, agridem motoristas de automóveis, ou são perseguidos por estes, esmagados pelas rodas dos indignados. Sangue no asfalto.
 
Nas casas a violência reina vitoriosamente. As crianças usam o celular para jogar guerras sanguinárias, onde os gritos e a cor vermelha predominam. Os computadores e tvs carregam os softwares de tiroteios, de cortes de cabeça, de lutas e agressões de MMA e tudo o que realimenta a natureza. Numa discussão familiar todo esse cabedal de cultura da agressão vem à tona. Então filhos batem e machucam os pais, pais agridem e matam os filhos. Um pai em regime de visita agendada tomou o seu filho de cinco anos, amarrou-se num colchão e colocou fogo, matando o inocente com ele por causa das brigas nojentas que ele, adulto, mantinha com a mãe do garoto. Sangue nos lares.
 
Nas igrejas há sangue também. Mas não aquele que é derramado por agressões declaradas. O principal sangue que ali existe não é o sangue de Jesus Cristo, proclamado nas mensagens salvadoras dos púlpitos. O sangue encontrado é o das pessoas que não são evangelizadas, não são buscadas, não são ensinadas nos caminhos de Cristo, não são expostas à cruz e nem ao Salvador. Igrejas estão satisfeitas com festanças, com bazares para vender bugigangas, com cursinhos de corte e costura, com palestras para ajudar casais a se relacionarem melhor ou turbinar as carreiras empresariais dos seus membros. O verdadeiro evangelho do sangue da cruz ficou restrito ao símbolo. Ele até é cantado, mas não é explicado. E como crerão naquilo que não entendem? O eunuco etíope que o diga (E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. At 8:31).
 
Há sangue na igreja, mas daqueles que partem sem saber do evangelho autêntico, não por não conhecer, mas por não haver quem de fato o pregue ou dele testifique... Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue, da tua mão o requererei. (Ez 3:18)
 
Sangue, sangue, sangue!
 
O sangue corre pelo Brasil afora.
 
Deveria correr nas veias, levando a nação à prosperidade, à felicidade, ao domínio das ciências, à cultura, ao progresso, ao patamar de nação abençoada e feliz. Mas, em lugar das veias, ele corre solto pelas ruas, pelas tvs e mídia, pelo asfalto e pelas igrejas. Só não corre nas veias dos políticos brasileiros, que, alheios à destruição pela qual passa o país, estão cuidando de seus próprios interesses, que nunca coincidem com os mandatos recebidos ou com os interesses nacionais. Eles não ligam para o país.
 
Só há um remédio para uma nação melada, manchada, maculada e lavada por tanto sangue inocente, por tantas vidas ceifadas, por tanta violência multiplicada: é o remédio do arrependimento e da fé em Cristo como Senhor e Salvador. Arrependimento que precisa começar do clero cristão, dos pastores e líderes que são responsáveis pela pregação do evangelho. Depois pelo laicato, por todos os crentes e membros de igrejas ditas cristãs. E, então, a funcionar como "dez justos" (Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez. Gn 18:32), poderão provocar uma transformação espiritual, social, moral, sentimental, física e intelectual de grande envergadura no Brasil.
 
E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. (2Cr 7:14)
 
Tem misericórdia do Brasil, Senhor!
Reconverte o Teu povo e reaviva a Obra de Tuas mãos!
 
Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes. (Lm 5:21)
 
Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia. (Hc 3:2)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

13/07/2017

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