segunda-feira, 17 de julho de 2017

memórias literárias - 479 - NÃO ESTÃO NO MEU PERFIL

NÃO ESTÃO
NO MEU
PERFIL

Tem gente que entrou na vida midiática, nas redes sociais, depois de madura. Aprendeu com certa dificuldade, mas domina a publicação em facebook, instagram, whatsapp, messenger e outros softwares relacionados.

Outros, contudo, nasceram neste grupo chamado "high tech". Conhecem os softwares em profundidade; encontram macetes, encontram "jeitinhos" e fazem coisas espetaculares. Geralmente mantém um perfil de facebook, onde publicam suas notícias, novidades, história etc.

Entretanto, quando falo de história falo do contemporâneo. Raramente os perfis de facebook dos usuários (inclusive dos crentes) mantém álbuns ou publicações que evoquem as lembranças de seus antepassados. Pais, mães, avós, ancestrais, estão de fora dessa mídia. Por não terem destaque virtual, passam a imagem de não serem relevantes na vida de seus descendentes.

Triste é ver a página de filhos de pastores. Com boas exceções (graças a Deus por elas!) (quero aqui enaltecer as páginas de Ana Gomes, Noemi Ronis, Jany Ribeiro, Eny Rocha, entre outras, filhas maravilhosas de obreiros inesquecíveis, que muito honram os seus falecidos pais!), há filhos de pastores que sequer mencionam o ministério que o pai manteve, a sua luta, os seus textos, pregações, fotografias, biografia. Não encontramos nada relevante na página de muito filho que, com dificuldade, foi criado por um pai pastor e uma mãe companheira.

Alguns alegam que seus pais não viviam o que pregavam. A pergunta que urge é: e vocês, vivem? Ou preferem abdicar da fé pelo fato de apontarem o dedo contra os seus progenitores? Lembrem-se que foi através deles que receberam a vida, os cuidados, a higiene, a alimentação, a segurança, os estudos, o vestuário. E mais: caberia a vocês selecionar o que foi bom da parte deles e tornar tais lembranças conhecidas por seus descendentes!

Outros dizem que preferem guardar na memória o que viveram, mantendo na privacidade. Interessante. Expõem publicamente os próprios filhos, as férias de família, a higiene pessoal, as palavras frívolas nos comentários esportivos, as críticas políticas e as considerações sobre pontos de vista religiosos, e dizem que querem privacidade? Que privacidade é essa? Meramente seletiva? Uma outra questão é: se os filhos se calarem sobre os ensinamentos preciosos advindos de seus pais pastores, quem os propagará? Não foram os seus filhos criados justamente para dar sequência à linhagem da fé? E se não se fala sobre ela, como crer?

Ingratidão. Esta é a grande explicação para quem se esquece de seus pais. Desonram à memória dos seus progenitores. E não adianta mencionarem aquela velha frase de clichê: a vida de filho de pastor foi muito difícil. Sei... Quisera que eu tivesse sido filho de pastor! Teria a honra de dizer que o meu pai foi um soldado do Senhor dos Exércitos. Teria a alegria de dizer que o meu pai alimentou rebanhos. Teria muito orgulho em partilhar as jóias que herdei de sua pena abençoadora, de sua literatura de boletim, de suas fotos, vídeos, áudios e efemérides. (tive um pai maravilhoso, que me criou, que converteu-se no fim de sua vida; honro-o e dele guardo seleta memória).

Conheço centenas de filhos cujos pais pastores foram (e alguns ainda estão vivos) heróis da fé. Contudo, na página de poucos deles eu encontro alguma menção, alguma honra, alguma celebração legítima do ministério que tiveram, de sua importância, de sua vida preciosa. Na maioria dos casos são mero coadjuvantes: estão em uma foto com os netos, numa visita pontual, num ambiente público, numa celebração de bodas. Não os mostram na militância pastoral, na igreja, no ensino bíblico, na formação de suas vidas. Outros, que não são parentes, dão mais valor ao pai pastor do que os próprios filhos!

O meu texto tem destinatário? SIM. TEM. O coração daqueles que deixam de honrar a memória dos pais cristãos, que serviram e servem com vigor no Reino de Deus. Aos pais pastores a minha solidariedade; aos seus filhos a minha perplexidade, e um pedido clamoroso: honrem a memória de seus pais! Publiquem sobre os seus ministérios! Falem sobre eles! Compartilhem suas fotos, materiais, literaturas, experiências! Contem-nos sobre o que eles significaram para vocês!

Se Jesus Cristo não voltar antes terei dois filhos que serão chamados também de filhos de pastor. E eu espero, mercê de Deus, que eles não ignorem o pai deles. Que não desprezem a memória daquele que partiu, mas que deixou para eles um patrimônio de amor a Cristo, de amor pela igreja, de serviço escrito, falado, filmado e fotografado nas trincheiras da batalha pela expansão do Reino de Cristo, a Sua igreja.

Que Deus nos abençoe.

Wagner Antonio de Araújo


17/07/2017


ADENDO: Cito aqui também as páginas de Nicéa de Souza e Denise Carvalho, outras maravilhosas filhas de pastores que muito honram a memória de seus pais.

waa.

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