AS VIRTUDES
DO PAI
DO
PRÓDIGO
Lucas
15.11-32
INTRODUÇÃO
Nós já ouvimos inúmeras
mensagens sobre este texto da Palavra de Deus. Ele é riquíssimo e uma fonte
inesgotável de inspiração e de ensino. Foram palavras de Cristo; logo,
perfeitas.
Algumas mensagens, talvez a
grande maior quantidade delas, aborde a experiência maravilhosa do filho mais
novo, o pródigo, que abandona o lar em busca da felicidade, mas, ao vivenciar a
realidade das terras alheias, distantes da Casa do Pai, não se acostuma, não se
sente amado, nem suprido, e decide voltar.
Outras mensagens, em menor
número, abordam o papel do filho mais velho, o enciumado. Na realidade, se
analisarmos o contexto no qual Jesus proferiu esta parábola, Ele realmente
estava a falar principalmente do filho mais velho, comparando o novo aos
pecadores, aos quais viera salvar, incluindo aí os gentios, e o mais velho ao
povo de Israel, que não admitia que Jeová trouxesse à Sua companhia aqueles que
rejeitaram a aliança do Sinai.
Mas hoje, com a ajuda de
Deus, eu gostaria de abordar um terceiro tema, contido no texto, que fala sobre
o Pai. Jesus compara esse pai ao Pai celeste. Porém, ao descrevê-lo, Ele dá a
esse pai uma série de virtudes e de comportamentos, que muito ajudariam os pais
atuais, também as mães, na condução, às vezes dura, da educação e do
relacionamento com os filhos, bem como a clara distinção entre acolher a um
filho, mas rejeitando o pecado que este pratica.
Vejamos os destaques, após
a leitura bíblica.
01 - O PAI
DIALOGAVA COM OS FILHOS (v. 12)
Diz-nos o texto bíblico que
o filho procurou o pai para com ele conversar. Quantos filhos não têm
oportunidade de conversar com os seus meninos ou com as suas meninas! Barreiras
se interpõem no curso da vida e pais e filhos não dialogam mais. O filho mais
novo, porém, encontrou um pai aberto a conversar, mesmo que fosse um assunto do
qual o pai não gostasse: a partilha antecipada da herança e a saída do filho sem
ter estabelecido sua família.
02 - O PAI
AJUNTARA PATRIMÔNIO (v. 12)
Este pai tinha um
patrimônio, tinha algum recurso. Como se trata de uma parábola, não precisamos
pesquisar de que maneira ele conseguira estabelecer a sua propriedade. Mas isto
nos estimula, como pais, a manter as nossas finanças em ordem, a pouparmos
recursos e construirmos algo para que os filhos tenham recursos no começo de
suas vidas ou, quando partirmos, para darem melhores condições aos nossos netos.
Quantos pais gastam tudo o que têm em futilidades, em jogos, em bebidas, em
decisões comerciais das quais se arrependerão amargamente amanhã! Ao invés de
guardar recursos para os estudos dos filhos, para ajudá-los na compra de sua
casa própria, gastam tudo o que têm com coisas de nenhum valor! Pais, sejamos
econômicos e saibamos semear as sementes, para que produzam, não as
comamos!
03 - O PAI
RESPEITOU A DECISÃO INSENSATA DO FILHO (v. 12)
Ainda que constrangido,
ainda que com dor no coração, ainda que colocando em risco as próprias finanças
da casa, o pai, após o diálogo com o filho, resolve atendê-lo em sua demanda.
Filhos não são cópias de nós mesmos; cada um tem a sua personalidade. E, muitas
vezes, filhos não seguem as orientações que receberam. Este filho insensato toma
o dinheiro da herança antecipadamente e vai embora, em busca do que já possuia
em casa, num engano praticamente fatal para a sua vida. Mas o pai respeitou.
Era-lhe impossível prender o filho. Quando eles crescem tomam as suas próprias
decisões e, enquanto não se ferirem gravemente lá fora, não entenderão que nós
desejamos o bem deles. Este pai sabia respeitar.
04 - O PAI
TRATAVA BEM AOS EMPREGADOS (v17)
O filho insensato, enquanto
padecia severa fome lá fora, quando desejava comer as alfarrobas dos porcos, uma
fruta sem nenhum paladar agradável, que era a ração lançada para os animais dos
quais cuidava (em franca desobediência aos mandamentos de Deus aos judeus, que
não deveriam comer carne de porco em hipótese alguma, nem criá-los), lembrou-se
da maneira com que os colonos da fazenda do pai viviam bem. Segundo ele, em seus
pensamentos, os funcionários tinham comida em abundância. Isso mostra que o pai
era um patrão generoso, não era sovina, não se limitava ao mínimo indispensável.
Quantas vezes temos pessoas que trabalham para nós, sejam empregadas, sejam
funcionários, e não os tratamos como nós gostaríamos de sermos tratados! Este
pai era generoso e os seus empregados eram felizes. Que bênção ter um pai cujo
coração possuia generosidade!
05 - SEU
PAI ERA DIGNO DE RESPEITO ((v18)
Nos seus pensamentos
enquanto planejava voltar, ele imaginou-se a falar com o seu pai. Ele
imaginou-se a dirigir-se a ele com palavras escolhidas, palavras que
demonstrassem todo o seu arrependimento, que pudessem cativar o coração do pai.
Ele tinha respeito pelo seu progenitor. Quantos filhos não respeitam os pais!
Tratam-nos como seus iguais! Mas este pai conquistara o respeito dos filhos.
Ainda que o pródigo estivesse desviado, lembrava-se com reverência do pai. Pais
segundo Deus transmitem aos filhos o respeito, a reverência e a dignidade de sua
posição.
06 - SEU
PAI TINHA ESPERANÇA DA RECUPERAÇÃO DO FILHO (v.20)
O texto nos diz que o pai
vira o filho enquanto ainda estava bem longe. Quantas vezes esse pai deve ter
ido até a estrada, olhado por toda a redondeza, esperando que o seu filho
regressasse? Que fique claro que o pai não queria um regresso a qualquer custo,
sem transformação. O pai sabia que, se este filho aparecesse na estrada, era
porque estaria em dificuldades e arrependido. Deus é assim. Ele espera pelo
pecador arrependido, não pelo pecador alvoroçado. Será que somos pais assim?
Será que perdemos a esperança com um filho corrompido? Não devemos deixar de
esperar. O pai viu o rapaz vindo pela estrada. Que possamos ir até a
estrada!
07 - O PAI
COMPADECEU-SE DELE (v20)
O texto nos afirma que o
pai, ao contemplar esse rapaz esfarrapado, sentiu profunda compaixão. Ouviu-o
até certo ponto, quando lhe dirigia as palavras que havia ensaiado no caminho.
Mas, não se contendo, abraçou-o e beijou-o, trazendo-o à sua comunhão paternal.
Que cena magnífica! Como é lindo ver um filho que busca o perdão de seus pais, a
reconciliação, o regresso à mesa da casa! Como é triste ver pais que rompem
relações com os filhos e morrem sem ter conversado com eles!
08 - O PAI
FESTEJOU O REGRESSO DO FILHO (22-23)
Que atitude maravilhosa!
Não foi uma reconciliação forçada, protocolar, apenas para manter as aparências!
Pelo contrário, o pai o perdoou integralmente e ainda fez festa! O filho havia
consumido metade de seu patrimônio, que poderia ter sido muito grande. Quem sabe
a fazenda tenha sido hipotecada, ou vendida a sua metade, ou se desfeito de
animais para suprir o filho rebelde. Agora, com o regresso, o pai não lhe
apresenta uma fatura, não lhe lança em rosto o seu erro, não o agride, não lhe
manda compensar o estrago. Pelo contrário, o pai faz festa. Quanto vale um
filho? Quanto vale o regresso de um filho arrependido? Este é o sonho de muitos
pais, que, infelizmente, têm filhos rebeldes. Este pai fez festa. Nós, se formos
pais nessas condições, havemos de festejar também!
09 - O PAI
CONVERSA COM O OUTRO FILHO ENCIUMADO (vs.28-30)
Nem acabara a celebração da
vitória por um filho recuperado, já há um novo problema para esse pai resolver:
os ciúmes entre os filhos. O mais velho, apelando para a razão, disse que esta
festa não tinha sentido. Não havia porque gastar o melhor com o regresso do mais
novo. Pelo contrário, sentiu-se fortemente desprezado, por não ser rebelde e
nunca ter sido premiado com um festejo desses. Quantas vezes há conflitos nas
famílias porque um irmão acha que um pai dá mais valor ao outro, seja com
relação à sua vida profissional, estudantil, familiar ou espiritual! Esse tipo
de crise deve ser debelado com a atitude de um pai presente: ele não se esconde,
não deixa pra lá; ele vai atrás do filho enciumado. Não só vai atrás; ele o
escuta, ele valoriza a sua opinião. Não nega as suas razões; não o critica. O
bom pai sabe ouvir.
10 - O PAI
ENALTECE O FILHO ENCIUMADO (v.31)
O pai diz palavras que
qualquer filho gostaria de ouvir. "Tudo o que é meu, é seu". Há tantos pais
possessivos, que não compreendem que as coisas que possui são da sua prole! Pelo
contrário, quer que mantenham distância de suas posses, de suas coisas. Grande
erro! Quando morrerem deixarão tudo, senão para os filhos, para outros que
cuidarão de gastar os seus pertences! Esse pai mostra ao filho enciumado que ele
não tem do que reclamar, pois, se o bezerro cevado foi morto para a festa, o
resto do rebanho é dele também, todo o patrimônio!
11 - O PAI
EXPLICA A ALEGRIA DO RESGATE (v.32)
Era preciso festejar. Era
preciso celebrar. Não foi algo de somenos receber de volta um filho perdido! Era
preciso marcar esse evento com uma alegria intensa! Assim Deus faz, quando, ao
lado dos anjos, festeja a conversão de um pecador à Cristo. Há festa nos céus no
dia da conversão, como há festa na igreja no dia do batismo de um regenerado em
Cristo! Deus é um Deus de festejo e de alegria, mas de festejo santo com motivos
santos, não com o mundanismo que todos bem conhecemos. Um pai deve celebrar a
volta de um filho arrependido.
CONCLUSÃO
Inspiremo-nos nesse
pai.
Dialoguemos com os nossos
filhos.
Respeitemos as suas
decisões.
Sejamos exemplo de justiça
e de bondade para com todos aos olhos de nossos filhos.
Inspiremos respeito e
postura de nossos filhos quando se dirigirem à nossa
presença.
Tenhamos esperança no
arrependimento de um filho rebelde.
Expressemos compaixão
quando esse dia chegar.
Festejemos o doce regresso,
mas cuidemos em não dar aos demais a impressão de que eles valem
menos.
Ensinemos o quão preciosa é
a recuperação de um filho à sensatez e ao Senhor.
Que Deus nos abençoe.
Amém.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
Barbosa, estado de São
Paulo, 15 de maio de 2022
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