terça-feira, 8 de agosto de 2023

memórias literárias - 1398 - PERDOAR

PERDOAR


E assim se passam os dias de mia vida

Com sol queimante e com frescas noites

No ministério vou aumentando a lida

Para evitar que da emoção ganhe açoites 


Pois dói demais estar nesta masmorra

Que não tem grades nem precisa de prisão 

Daqui não saio nem que depressa corra

Aqui eu fico até cumprir minha missão 


Amar aqui será um milagre à parte

Se eu um dia agraciado for

Não tenho gosto em tentar amar-te

Não sinto amor, o que sinto é dor.


Meu Deus do céu, quando eu terei prazer

De dar sorrisos ou de cantar alegre

Se hoje não tenho plano, nada a fazer 

Nenhuma ideia que um caminho agregue


E hoje mais solidão eu sinto

Depois do fato que com meu irmão contei

Entender a ela a concordar, insisto,

Loucura completa que jamais sonhei


Silêncio público é o que vou mostrar,

Sem publicar e sem buscar contatos

Já não preciso o coração frustrar

Abrindo a alma e viver julgado


Senti-me um Jó, que dos amigos ouviu

Que era culpado por mal que nunca fez

O meu irmão usou memórias e concluiu

Que fui culpado de todas as três 


Daquela igreja onde vi o pecado

A culpa foi minha em ter saído cedo

Pouco importa que o caixa tenha limpado

E que seu marido não tenha tido pejo


Em lá na outra quando eles tomaram

As rédeas todas e não me deram vez

Eu fui culpado porque não cessaram

E fui covarde e me fiz freguês 


E na igreja onde o pastor tomou

O meu lugar e pro pt entregou

Também culpa minha por ser tão frágil 

E dar de mão beijada e sair tão ágil 


A qual dos 3 amigos de Jó ele parece?

Dizer o certo pra pessoa errada

Não se preocupa se me entristece

Ele quer apenas me dar a paulada


A minha boca - um covil do mal

Amaldiçoa a chácara e me faz fatal

Não amo igreja, família ou ninguém 

Por causa disso não valho um vintém 


E recomenda que eu vá às drogas

Um rivotril, um losardan ou diempax

Esses remédios já lhe deram provas

De lhe trazer na muita guerra a paz


Eu vi ao vivo a felicidade ganha

Sorri em público e chora sozinho

Sem ter saúde do nervoso apanha

E sente a dor como o ferir do espinho


E em minha casa, na minha frente,

Disse o que quis e não se arrepende

Um homem frio e calculista

Que finge ser idealista


Pedir perdão jamais fará 

Nem considera que errou

O braço a torcer ele não dará 

Errado sou eu, ele acertou.


Que irmão ele se tornou!

Que diferença da mãe querida

Sem ternura ele ficou

Sua lição foi esquecida


Preciso dar perdão e não consigo

Pois tenho a esposa na mesma base

Ofendido ao extremo eu me sinto

E precisaria que Deus falasse


Não à mente, mas ao coração 

Não à inteligência, mas à emoção 

Não no que é justo, mas pela graça 

Para que o meu dever eu faça 


Perdoar ao meu irmão 

Perdoar à esposa amada

É a minha intenção 

Sem perdão não serei nada.


O perdão eu peço a Deus

Para que venha conceder

Aos que são amados Teus

Da memória dev'esquecer


E como não sou dissimulado

Como o meu irmão o é 

Só vou dizer "está perdoado"

Quando o conseguir pela fé. 


Para a minha mamãe Arlete

Única leitora além d'eu


Wagner

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