NOTÍCIAS
SEM
TRÉGUA
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Não há mais
tempo de análise, de ponderação, de reflexão. As notícias chegam sem trégua, sem
pausas, sem limites.
Antigamente
comprávamos o jornal na banca e líamos as notícias de ontem. Parávamos para
analisar, para aprofundar a compreensão, para refletir sobre os detalhes.
Semanalmente recebíamos a revista preferida com as manchetes, com as
fotografias, com os destaques. Assistíamos ao jornal da noite, buscando saber o
que acontecera durante o dia. Não havia ninguém pendurado em nenhum rádio, em
nenhum canal de tv, salvo quando ocorria um incêndio ou outra
catástrofe.
Hoje a
situação é insana. O que lemos há uma hora não é mais atual. Há cinco minutos as
manchetes mudaram radicalmente. O volume de informações do minuto anterior
multiplicou-se exponencialmente e não temos certeza de que os fatos são
realmente atuais! As pessoas grudam nos telemóveis, nos aplicativos de notícias,
nos podcasts, nas manchetes, nos vídeos enviados. Há gente desesperada por
saber o número de visualizações de um vídeo ou áudio e não consegue deixar de
olhar!
Vivemos numa
realidade paralela. Analisemos o dia em que não trabalhamos e que estamos
livres. O que fazemos? Ficamos no celular a buscar novas publicações, notícias,
manchetes, coisas que nos atualizem. Não sossegamos! Estamos o tempo todo
tensos, em busca de alguma solução, de alguma resposta, de alguma tragédia, de
alguma novidade, de alguma esperança, de alguma descoberta.
Nós estamos
doentes! Nós estamos em transe! Saímos de nossa realidade e mergulhamos num
mundo virtual, onde o importante não é o que acontece em si, mas a série de
novos acontecimentos e de coisas novas. Nós nem prestamos atenção nos fatos; nós
queremos saber o que vem depois, e depois, e depois...
Pregadores
locais buscam saber o que estão pregando nos púlpitos alheios, para adaptar as
mensagens ao seu público, antenados com as novidades. Inúmeros comerciantes da
fé buscam os mais recentes escândalos para comentar, e não têm pejo em dizer que
estão apenas lendo o que acharam na internet. Aliás, a única fonte de informação
deste mundo hoje é a internet; não há conhecimento fora dela (falácia de
Satanás).
Somos reféns
da ansiedade deste século. Somos escravos do inimigo e gado do vaqueiro do
inferno! Até quando manteremos o jugo em nosso pescoço?
Aqueles que
pensam que uma vida no interior, fora das capitais ou das grandes cidades é um
fator de diferença deste estado, estão redondamente enganados. Vivi numa cidade
minúscula em termos demográficos e geográficos e o que mais vi foram pessoas
viciadas em celular, em notícias, em podcasts. Lá na roça, no mato, debaixo da
árvore, o camponês está buscando informes em seu whatsapp e
instagram.
O que
fazer?
Não há outra
forma: temos que mudar a nossa maneira de pensar, para mudar a nossa maneira de
viver.
Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais
ansiosos pelas outras? (Lc 12:26). Cristo deu o caminho: não
podemos mudar os fatos, os acontecimentos a nível global. Portanto, viver em
ansiedade é perder a vida em loquacidade frívola.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará;
de modo que nada há de novo debaixo do sol. (Ec 1:9). Mudam-se
os papéis de embrulho, mas os presentes sempre são os mesmos. O que o coração do
ser humano produz? O pecado, o egoísmo, a injustiça. Então os fatos poderão
mudar de cores, mudar de personagens, mas os acontecimentos serão sempre os
mesmos: tragédias, injustiças, ingratidões, desonestidades, depredações,
vandalismos, promiscuidades etc.
A ansiedade no coração deixa o homem abatido, mas uma boa palavra
o alegra. (Pv 12:25). Ah, como faz falta uma boa palavra.
Acontece que ela não estará no aplicativo de mídia que usamos (até as boas
palavras que encontramos nas redes se tornam motivo de ansiedade, com os
encaminhamentos e as reproduções sem fim). A boa palavra está na Bíblia, num bom
livro, numa poesia, numa meditação pessoal, numa carta escrita à mão, num
compêndio ilustrado. Jogaram fora os seus livros de papel, os seus álbuns de
foto e os seus cadernos de poesia. Precisamos tê-los de
volta!
Assim como o homem pensa, assim ele é. (Prov
23.7). Somos aquilo que pensamos. Se deixarmos os pensamentos
aos nossos cuidados colheremos dos seus frutos, quer sejam bons, quer sejam
maus. Como tendemos para o mal precisamos entregar os nossos pensamentos a Deus
e transformaremos os resultados de nossa vida. Pensai
nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; (Cl 3:2); Quanto ao
mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma
virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (Fp
4:8)
Nós colhemos
o que plantamos. Se decidirmos sair deste círculo vicioso de recepção contínua e
desespero por novidades; se decidirmos ocupar o pensamento com coisas que
constróem e que edificam, colheremos os resultados. Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus
próprios conselhos. (Pv 1:31). Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque
tudo o que o homem semear, isso também ceifará. (Gl
6:7).
Que Deus nos
tire desta escravidão do mundo pós-moderno de uma mídia dominadora e desta sede
irreparável de novidades segundo-a-segundo.
Wagner
Antonio de Araújo
08/02/2023
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