sábado, 2 de janeiro de 2021

memórias literárias - 1111 - UM LAMENTO

UM
LAMENTO
 
Tenho me dedicado a produção literária quase ininterrupta. Hoje coleciono mais de 1200 textos e 4 mil páginas publicadas. Mas os meus textos não são conhecidos e não se propagam, ainda que sejam sobre importantes assuntos e que versem sobre questões de interesse da maioria dos cristãos. E não é por falta de divulgação, pois eles estão presentes em facebook, em blog e em envios de whatsapp, além de um volume em papel.
 
E por que?
 
1) Porque não sou um nome que vende, que dá mídia, que junte likes e curtidas. Não faço parte daqueles que a sociedade decidiu endeusar, transformar em superastros, em grandes destaques. Aqueles são semideuses, cujos arrotos e espirros são celebrados como se fossem páginas literárias imortais. Podem falar bobagens, podem dizer besteiras, podem falar algo e depois pedir desculpas ou nem se incomodarem. Basta surgir o nome deles nas publicações e as curtidas se avolumam.
 
2) Porque não escrevo para entreter ou agradar as massas, mas para agradar a Deus e refletir sobre a verdade de Deus revelada em Sua Palavra. Também escrevo obra ficcional com fundo cristão e moral, o que não agrada as pessoas. Em minhas estórias o mal sempre perde e a seriedade de uma vida cristã dedicada é celebrada.
 
3) Porque as pessoas costumam desvalorizar aquilo que é próximo e valorizar o que é distante. Elas não lêem e não celebram quem está por perto, desconsiderando o profeta em sua própria terra. Mas gostam de ir comer grama no pasto alheio, celebrando o que lá encontram, ainda que seja mero capim ou restolho. Se os grandes autores estrangeiros disserem OH..., então isto vira citação e se torna um monumental assunto para reenvio. As mesmas frases que dizemos, que escrevemos e que notificamos são ignoradas, ainda que as tenhamos dito muito antes!
 
4) Porque tudo o que é grátis não é valorizado. Os grandes, quando falam ou pregam, ou escrevem, monetizam ou cobram, e cobram caro! E as pessoas pagam! Eu nunca cobrei pelos meus textos. Pelo contrário, até o livro que publiquei praticamente não consegui nada além do valor que gastei na publicação, uma vez que acabei dando a maioria dos exemplares. A coisa que um escritor mais aprecia é que seus textos sejam lidos. Mas o povo serve-se do que produzimos, recebe de graça e joga na lixeira de seus e-mails ou deleta de seus celulares, sem nunca ler ou dar qualquer valor àquilo.
 
5) Porque geralmente a geração presente não valoriza as coisas que existem em seu tempo. Somente no futuro é que reconhecerão ter havido algo de valor entre eles, e que os seus ancestrais não valorizaram. Quantos mestres da música, hoje reconhecidos internacionamente como gênios foram desprezados em seus dias e terminaram na miséria, não sendo nem reconhecidos, nem ouvidos e nem celebrados! Hoje os países que depositam flores em seus túmulos foram os que cuspiram em seus rostos, considerando-os restos.
 
6) Porque a mediocridade tomou conta da humanidade. As pessoas não querem pensar. Elas querem ouvir o que lhes agrada. Se o texto for um pouco mais longo elas já o abandonam. Elas não querem ter o trabalho de refletir, de pensar, de ponderar, de analisar. Elas não querem ouvir o que não lhes agrada. Elas querem coisas simples, cheias de cores e muito aceitáveis à luz da publicidade. Nada que se pareça com um comprimido branco e chato lhes agrada, exceto quando estão doentes. Aí é para os chatos remédios que se voltam...
 
Este é o lamento de um escritor cristão, cujo material tem sido selecionado e publicado. Este escritor tem certeza de estar fazendo o que Deus lhe mandou fazer. E se os seus textos não importarem para ninguém, pelo menos aos seus filhos e uns pouquíssimos amigos eles importarão. E, se infelizmente nem estes valorizarem, bastará a certeza de ter feito a vontade de Deus.
 

Wagner Antonio de Araújo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...