domingo, 3 de janeiro de 2021

memórias literárias - 1156 - VOU JOGAR FORA

 VOU

JOGAR
FORA
 
1156
 
Um casal estava prestes a divorciar-se. Procuraram-me para o aconselhamento.
 
- Pastor, não nos suportamos mais. Queremos nos separar. O senhor pode nos ajudar?"
 
Eu, perplexo, apresentei-lhes o que a Bíblia dizia sobre o assunto. Falei-lhes que o casamento é para toda a vida. Disse-lhes que apenas o adultério de um dá a liberdade para a separação, o que não significa obrigatoriedade, pois o poder do perdão pode transformar o relacionamento. E, separados, não teriam a opção de um novo relacionamento, à luz da Bíblia.
 
Eles ouviram com atenção, mas estavam dispostos a se separarem.
 
Então peguei um artesanato antigo, feito por minha falecida mãe. Fui mostrar para eles os detalhes. De repente a peça escapou-me das mãos, espatifando-se no chão. Foi um lamento geral!
 
- Ah, pastor, somos os culpados! Se não estivéssemos aqui não teria tirado a peça do lugar!
 
- Puxa, pastor, o que fazer agora?
 
Eu tive uma idéia. Falei-lhe:
 
- Bem, já que a peça se quebrou, nada mais resta senão colocar no lixo. A senhora pode ir até a secretaria pegar um saco de lixo?
 
Ela, espantada, disse:
 
- Não, pastor! Essa peça tem conserto!
 
- Mas para quê, irmã? Já quebrou mesmo, não há o que fazer!
 
- Não, pastor. Foi sua falecida mãezinha quem fez. Ela não está mais aqui para fazer outra. Essa peça é única. Vou lhe ajudar a colar e vai ficar quase perfeita.
 
Então eu parei por um minuto, absolutamente inerte. Eles se assustaram. Ao fim do minuto eu disse:
 
- Se a senhora deseja consertar esta peça por ser única, por que jogar fora o seu casamento, que também é único? Está trincado? Está rachado? Não tem mais a beleza de antes? Que tal colarmos as peças também, pedaço por pedaço? Afinal, este casamento foi permitido por Deus para toda a vida e, pelo que me consta, vocês ainda não morreram!
 
Eles, envergonhados e talvez arrependidos, olharam-se mutuamente, fizeram sinal de concordância e aceitaram colar os pedaços que estavam quebrados.
 
Para encurtar a estória: três meses depois celebrávamos um culto de ação de graças pelo longevo casamento desses irmãos (mais de 20 anos) e o meu presente foi a peça artesanal que mamãe preparara. Ela simbolizava a mesma restauração feita por Deus ali.
 
Aleluia!
 
(obra ficcional, BASEADA em fatos reais).

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